sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Retrospectiva 2019





Fim de ano chega e a gente começa a fazer um balanço de como foi 2019...Acho que 2019 foi um baita ano para mim do ponto de vista pessoal e profissional. 
Foi um ano de descobrir que sorrisos abrem portas.
Foi um ano de descobrir que não importa qual seja o motivo de uma tristeza qualquer, ainda assim sorrir é a melhor resposta, pois quando sorrimos, a vida se abre para nós. E afinal de contas, por mais que exista uma tristeza rondando, existem ainda muitos motivos para ser grato e feliz.
Foi um ano de aprender algumas lições com pessoas que eu gostava muito e que me ensinaram algumas coisas de uma forma bem dura, uma forma que me magoou. Fica o aprendizado, sou grata mesmo que as lições tenham doído mais do que eu gostaria.
Foi um ano de aprender que as pessoas são como são, que não podemos querer delas mais do que elas são capazes de dar. Que as atitudes das pessoas mudam a forma como as vemos. E que isso tudo pode ser doloroso, mas é parte da vida e quando amadurecemos o suficiente, podemos conviver em paz com tudo isso.
Foi um ano de aprender que algumas coisas são como são, independente da nossa vontade. Que não vale a pena se preocupar com aquilo que não depende de nós, que só podemos oferecer o nosso melhor e torcer. A vida se encarrega do resto.
Foi um ano de conviver muito com a melhor companhia: a minha própria. De ler bons livros, de visitar lugares incríveis que eu nunca imaginei que conheceria e outros com os quais eu sempre sonhei, de cantar (quase sempre um ou dois versos na frente) e dançar (ridiculamente, claro) pela casa, de pagar os melhores micos, de fazer apenas o que eu tenho vontade de fazer e de não me obrigar a fazer nada que eu não quisesse. 
Foi um ano de liberdade e de independência. Um ano de olhar para trás e perceber que me tornei a pessoa que um dia eu disse que seria. E essa é uma das melhores sensações da vida, quando você tem orgulho da pessoa que é.
Que venha 2020, com um mundo inteiro para eu descobrir, com as boas surpresas da vida, com muitos aprendizados e que os ventos do destino me levem sempre pelos melhores caminhos.


quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Mudanças



“You can’t change the people around you, but you can change the people around you” de Joshua Fields Millburn ou, em português, você não pode mudar as pessoas a sua volta, mas você pode mudar as pessoas a sua volta. Já tinha ouvido essa frase do Joshua, um dos “The Minimalists”, mas essa semana essa frase me fez refletir mais. É um jogo de palavras bem interessante. Não podemos mudar a forma como as pessoas que estão à nossa volta são e pensam, mas podemos mudar as pessoas que estão à nossa volta.
Nunca acreditei nessa de substituir pessoas, às vezes, pessoas que gostamos ou que fizeram parte de nossa vida em algum momento não estão mais conosco por um motivo ou outro, mas não as substituímos simplesmente, nunca vamos substituir exatamente aquela pessoa, aquela relação, daquela maneira. Haverão apenas novas pessoas, novas relações, novas amizades. O tempo passado com aquelas outras pessoas que partiram, não voltam, não se repetem. De certa forma é o que escrevi aqui embora o foco do texto tenha sido outro
Por isso, nunca tinha visto tanto sentido naquela frase do Joshua Millburn. No entanto, agora entendi. Às vezes as pessoas a nossa volta pensam muito diferente de nós e não estão mais nos fazendo bem, não sentimos mais o mesmo prazer na companhia delas por um motivo ou outro, simplesmente não temos mais a mesma afinidade, os mesmos objetivos. Podemos gostar ainda dessas pessoas, mas não as queremos por perto do mesmo modo, queremos outras pessoas, pessoas que afinem mais. Não existe nada de errado então em procurar outras pessoas, com os mesmos interesses e valores. Não é uma substituição de pessoas, são apenas os ciclos da vida. Assim, agregamos experiências e aprendizados. 
Adoro observar essas coisas, são as engenhosidades da vida que sempre caminha para o nosso progresso. Então, porque não buscar pessoas que afinem conosco, que gostem do que gostamos e com quem nos sintamos de fato bem? A vida é muito curta para desperdiçar de outro modo.



Frases aleatórias dos “The Minimalists” aqui: https://minimalmaxims.com/





sexta-feira, 22 de novembro de 2019

Quebra-cabeças




Sempre tinha vontade de montar aqueles quebra-cabeças grandes de mais de 500 peças. Agora finalmente tenho espaço de sobra em casa e adotei esse hobby. É uma atividade bem interessante, dá uma alegriazinha encontrar cada pecinha para encaixar. Ainda, é uma ótima atividade longe de telas, acho que descansa bastante a mente, especialmente nesse nosso mundo hiper conectado. Recomendo muitíssimo.
Na vida, assim como em um puzzle, se precisa fazer força para encaixar, é porque não está certo, porque ali não é o local correto. É bom aprender isso.
Andei pesquisando e encontrei grupos no Facebook de pessoas que montam, existe uma galera mesmo! Queria encontrar mais gente por perto para poder trocar, pois não tenho essa gana de enquadrar os quebra-cabeças depois de montar.

Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/sarago%C3%A7a-espanha-puzzle-cidade-2945335/

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Alguém com quem fazer humor




Esse texto escrevi para uma pessoa que eu admiro muito pela forma simples e descontraída como encara a vida. Aprendo muito com essa pessoa e considero esta uma das minhas histórias mais bonitas. Infelizmente, sempre estamos em momentos diferentes da vida. Também sempre fazemos escolhas de vida diferentes. São as peças que a vida nos prega de vez em quando.
Essa pessoa sabe bem o porquê do título, é mais uma das muitas piadas internas e referências que temos. =) 


A gente tem história para caramba. Histórias e piadas internas e uma lista de “white people problems” e de cantadas e situações engraçadas. Esse negócio de rondar unicórnios gigantes multicoloridos, passear por livrarias, pegar Uber com motoristas mulheres e ser confundidos um com o outro está escrevendo a nossa história de um jeito bem engraçado.
Confesso que te ver de novo me fez te observar com um olhar completamente diferente. Tempo e maturidade fazem muito bem a qualquer um. Disso eu já sabia. Porque começamos a ver as coisas por outra perspectiva. É engraçado como as coisas mudam de perspectiva com o passar do tempo. Talvez seja nós que passamos a enxergar as coisas com outra perspectiva. Não sei. Só sei que é incrível conseguir ver sob novos ângulos. É como um momento de lucidez em que sutilmente enxergamos coisas que não enxergávamos antes. 
Começamos a perceber o quanto de fato algumas pessoas são especiais para nós. Tu és daquelas pessoas que fazem bem. Nem preciso dizer que é impossível não ficar alegre contigo por perto. Isso eu também já sabia, mas comecei a perceber algumas sutilezas que eu não percebia antes. Talvez a vida tenha me deixado mais atenta e me ensinado a ver nas entrelinhas coisas que eu não via e dar valor a elas, talvez a saudade tenha te feito revelar melhor detalhes que me fazem pensar e especialmente que me fazem feliz.
Me pergunto porque fiquei tanto tempo sem te ver considerando que é tão deliciosamente fácil estar contigo e que estar contigo me deixa tão genuinamente contente. Parece que foi desperdício de tempo, mas eu tenho consciência que esse tempo era fundamental para nós. Tínhamos outras coisas para aprender, outras histórias para viver, outras pessoas para encontrar, outros caminhos para seguir. Afinal de contas, eu também precisava de tempo para assistir todos os filmes de super-heróis sozinha, sem spoilers.
Uma vez eu te falei que não esquecia o momento em que nos vimos pela primeira vez. Não esqueço mesmo teu jeitinho desconfiado olhando para mim. Agora outra boa memória se juntou a essa: o sorriso que te vi abrir quando eu te disse para me beijar pela segunda primeira vez. Foi a melhor reação que eu poderia ter recebido. Quero muito mais desses sorrisos.
Eu já fui muito magoada. Faz parte da vida, inclusive é uma parte importante. Só que isso me ensinou muito, muito mesmo. E espero sinceramente que tenha me ensinado a não magoar as pessoas bacanas que tornam a minha vida um lugar ainda melhor. 
Não te faço promessas, tu bem sabes meu modo de pensar (e incrivelmente sempre aceitou ele, nunca tentou me mudar e admiro isso em ti) mas dessa vez estou muito mais aberta às histórias que a vida reservar para nós e espero te oferecer toda a reciprocidade que tu merece.



segunda-feira, 11 de novembro de 2019

A vida como ela é



Esse texto escrevi para uma pessoa que era especial. Infelizmente, ela não quis ler as minhas palavras. Isso me deixou triste, mas mesmo assim gosto muito do que escrevi, eu estava feliz na ocasião. Publicar é uma forma bonita de deixar essa história no passado.

Sabe aquela música que diz “é uma ideia que existe na cabeça e não tem a menor pretensão de acontecer”?
Você era a minha ideia que existia na cabeça e não tinha a menor pretensão de acontecer.
Até que aconteceu. Justo no melhor momento da minha vida, na fase mais feliz que eu já vivi até então. 
A vida é realmente assim. Quando nos amamos  e estamos felizes, novas alegrias vêm para a nossa vida. Você com certeza é uma delas. E eu fico muito feliz de poder te oferecer a minha melhor versão, a mais lúcida sabe.
Lucidez. Está aí uma boa palavra. Ela que nos permite amadurecer, ser mais livres, independentes e mais felizes conosco mesmo. Entender melhor a vida, respeitar o tempo de cada um, o espaço de cada um, a história de cada um, pois não temos poder sobre o outro ou sobre a forma como a vida se desenrola. Somos donos apenas das nossas próprias escolhas. Esses devaneios são difíceis de explicar, só sei que é aquele momento bom da vida em que a felicidade vem de dentro por si só, mas que também é uma delícia ser feliz com as pessoas que estão por perto.
Tempo. Outra boa palavra. A gente se conhece faz o maior tempão né. Acho bem legal a forma como nós fomos ficando amigos com o tempo. Lembro daquela noite você dizendo que era questão de tempo que acontecesse. Pode ser. Eu sempre pensava que nossa troca de olhares não era uma troca de olhares comum, que tinha umas faíscas ali, que era também uma tentativa de desvendar um ao outro. Eu queria mesmo desvendar você.
Bem, eu quero dizer também que as vezes que cantei você na maior cara de pau e você ficou lá totalmente sem jeito era apenas eu tentando oferecer um pouco de graça e leveza. Não havia nenhuma expectativa além de te fazer rir e de mostrar meu lado aberto e divertido, que não tem medo nenhum de falar o que pensa e de correr alguns riscos. Você nunca me desconcertou com uma resposta para as minhas tiradas, mas tudo bem, a reação das pessoas não deve mudar a nossa forma de levar a vida. 
Não leve o que escrevi muito a sério, não é uma declaração, um bilhetinho romântico ou uma tentativa de te conquistar. Eu não busco nada disso, na vida, busco apenas aprendizados e vivências com pessoas que me encantem. O espírito das minhas palavras é apenas fazer uma ode à vida como ela é, à liberdade de ser quem somos e aos bons momentos que passamos.
=)



sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Pensamentos aleatórios da semana



A frase do livro “Pelas portas do coração” da Zibia Gasparetto pelo espírito Lucius: “Não foi como você gostaria, mas não precisa fazer disso motivo para tristeza. Pode ignorar o que gostaria que houvesse sido e olhar o fato do lado vantajoso.” Nem sempre as coisas saem como esperamos ou como gostaríamos, mas isso não é motivo para tristeza ou amargura. Às vezes os caminhos alternativas se revelam maravilhosos, às vezes até melhores.


Aquele momento que você agradece por algo que um dia te deixou triste, pois aquilo te levou a um caminho melhor, mais leve, mais feliz. É difícil, mas no momento em que finalmente consigo agradecer é quando eu mais fico em paz.


Seja sempre grato. Agradeça as lições que a vida e as pessoas que cruzam conosco oferecem. 


Nunca espere de alguém mais do que a pessoa é capaz de dar. Aceite as pessoas como elas são. Cada um tem o seu caminho de evolução. 


Semana passada escrevi aqui sobre como podemos acabar gostando menos de alguém pela maneira como a pessoa age conosco. É algo sobre o qual tenho refletido. Na mesma esteira, me parece que também podemos gostar mais de uma pessoa pela maneira como ela age conosco. Antes eu pensava que apenas gostávamos ou não gostávamos de alguém e pronto, dificilmente os sentimentos mudariam, pois gostar/amar/simpatizar/ter amizade seriam sentimentos incondicionais. Agora penso que estava enganada. São sentimentos que se constroem também.
Muitas vezes são minúsculas coisas que transformam nossos sentimentos. As pequenas ações que as pessoas fazem por nós e vice-versa, os gestos de atenção, amizade e afeto que pouco a pouco constroem a história que temos com elas. É aquela velha ideia de plantar e colher. Isso abriu meus olhos. Me fez ter outra perspectiva sobre pessoas e histórias. Basta se abrir e observar um pouco melhor. ;)


A frase “Labels are like material possessions: they are necessary, but we don’t need to give them as much meaning as we often do” de “The Minimalists”. Sempre gostei de palavras, mas nunca gostei de rótulos então achei que é uma baita frase.

quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Um meme, uma inspiração




Momento zoeira. Porque nem só de seriedade vive esse blog.
O meme acima ao mesmo tempo que me fez rir por ser uma grande verdade, também me fez refletir sobre viajar sozinha e estar distante de tudo e todos que conhecemos e que fazem parte do nosso dia-a-dia. É uma delícia se desconectar da vida cotidiana e passar um tempo apenas consigo mesmo.
É louco pensar que ao viajar sozinha eu passo alguns dias, semanas às vezes, fisicamente muito distante de qualquer ser humano que eu de fato conheça. É como viver em um novo mundo, apenas meu. Como diz o meme, todas as bobagens da vida dos outros que no fundo, no fundo, não tem nenhuma importância ficam distantes e isso é mentalmente muito bom. Especialmente o tempo passado no voo, sem internet, totalmente alheia ao que quer que esteja acontecendo em qualquer parte do mundo, embora desgastante do ponto de vista físico, é maravilhoso se pensarmos que estamos distantes das pequenas bobagens que nada nos acrescentam e das notícias que não mudam em nada a nossa vida. É como viver uma vida a parte em um microcosmo. E percebi com esse meme que eu adoro essa sensação. 


Reflexões da semana




Alguns pensamentos aleatórios dessa semana...

Na vida, não se demore onde sua companhia não for desejada. Por mais que doa partir.



Aquele momento de felicidade genuína ao ver a plantinha que você plantou brotando e crescendo a cada dia. Hoje vi um minúsculo pontinho verde novo saindo da terra e foi o modo perfeito de iniciar o dia. :)



Lembrando de uma história que um amigo me contou há alguns anos sobre seu relacionamento com a então ex namorada. Dizia ele que era muito apaixonado por ela no início, que era louco por ela. Ao longo do namoro, no entanto, as atitudes dela foram fazendo ele gostar cada vez menos e menos, até o sentimento acabar. Quando ele me contou a história, compreendi suas palavras, mas era um sentimento que eu nunca havia sentido por ninguém até então. Hoje percebo que é possível gostarmos menos de uma pessoa pela forma como ela age conosco. Adoro ver significado nas histórias que as pessoas me contam, mesmo que seja muito tempo depois, e adoro aprender com as pessoas que cruzam o meu caminho. 



A frase: “3 things that can’t be rushed: creativity, healing, love” de Yung Pueblo.
Tanta sabedoria em tão poucas palavras. O maravilhoso tempo que de tudo se encarrega. 



A frase: “Growth isn’t unlike a horizon: you can travel toward it, but you’ll never “get there”; there will always be a new horizon to venture toward” de “The Minimalists”.
É bom perceber o quanto crescemos a cada dia. Melhor ainda é prestar atenção nesse crescimento paulatino. 


domingo, 20 de outubro de 2019

Sobre paixões, foras e liberdade





Eu acho que sou uma solteira nata. Explico.
Eu gosto de conhecer pessoas incríveis, viver amores, ser arrebatada. Gosto daquela fase de estar conhecendo alguém novo, fazendo descobertas. Ah, adoro o flerte, adoro conquistar e me deixar conquistar. Viver uma história. Os prazeres de se apaixonar.
Então a história termina. Chega o momento da pessoa não fazer mais parte da nossa vida. Às vezes é um simples partir como outro qualquer, às vezes é um adeus doloroso. Às vezes a pessoa nem nos dá a chance de dizer adeus. E às vezes vem aquela dor que parece infindável. Ah, a fossa. Tem gente que odeia viver a fossa, tenta evitá-la com festas e encontros efêmeros. Eu penso diferente. Eu gosto de viver a fossa com toda sua intensidade. Sentir a dor e derramar as lágrimas que parecem infindáveis. Não, não julgo que seja um pouco de masoquismo. Eu apenas acho que esse processo faz parte da vida. Chorar em posição fetal, beber para esquecer, dormir sentindo toda a dor de não ser correspondido ou de sentir saudade de alguém que não se faz mais presente na vida (ou nunca se fez), chorar andando na rua, sentir o coração apertado, implorar a Deus ou ao universo que apenas pare de doer tanto - mas com a certeza de que somente irá parar de doer quando tiver que parar de doer, no momento certo. Então aos pouquinhos ir me recuperando, os primeiros sorrisos depois das lágrimas, sair para ver o mundo novamente e estar feliz sozinha de novo. Já escrevi sobre levar um fora aqui. Está tudo bem, basta aceitar que nada é definitivo e que novos recomeços virão. As dores de se apaixonar.
Enfim, eu gosto de viver histórias com as pessoas que me encantam, mas também amo ser livre. Livre para viver de forma independente, para viajar sozinha, para crescer sozinha, para conhecer outras pessoas, para fazer coisas sozinha, para ter o meu tempo e espaço. Eu gosto de dormir sozinha, gosto de morar sozinha, de sair sozinha. Por isso me sinto bem solteira, me sinto muito mais eu, mais completa e até mesmo mais aberta para a vida. 
Não me imagino casando. Não me imagino vivendo um “felizes para sempre” com alguém, encontrando a “pessoa certa” (também já escrevi sobre isso aqui). Admiro muitíssimo casais de longa data, acho bonito, me emociono pacas em casamentos, são lindos e me fazem chorar de emoção. Apenas acho que não é para mim. Não digo isso como lamento, como quem diz “ah, pobre de mim, nunca terei alguém para estar junto até a velhice”. Não, pelo contrário, não é um pesar, não é algo triste. É apenas aceitar a vida como, principalmente, um caminho de evolução individual.
Não estou dizendo também que sou rasa, que sou daquelas pessoas que passa o rodo como se diz, que não me importo, que não tenho sentimentos, sei lá. Apenas penso as histórias como vivências que não são eternas. Talvez isso me faça dar mais valor. Com certeza me instiga a aprender com a pessoa e a respeitá-la mais. Provavelmente me faz também mais intensa. Ah, tem uma frase que li no livro espírita “Encontrando a paz” que diz mais ou menos o seguinte: “Juntos enquanto formos felizes, juntos por opção, livres por natureza”. Preciso dizer mais?

Você já meditou no bar?




Não, não estou louca e nem bêbada. Embora seja um pouco a primeira e esteja a segunda com frequência.
Não falo de meditar no sentido literal da palavra, de sentar na posição correta, fechar os olhos, tentar se livrar de todos os pensamentos e esvaziar a mente. Falo de estar introspectivo, apenas com os próprios pensamentos e em paz consigo mesmo. Não seria essa também uma meditação?
Então. Eu com frequência vou para o bar sozinha. Às vezes não totalmente sozinha, pois sempre encontro amigos com quem gosto de conversar e rir, mas quase sempre eu gosto de passar pelo menos uma pequena parte da noite sozinha, meditando como eu digo. Apenas me concentrar na música, em cada acorde da canção, às vezes no que estou bebendo e principalmente nos meus próprios pensamentos.
Esses dias fiz exatamente isso. E fiquei observando as pessoas também, a maioria delas concentrada muito mais na tela do celular do que no ambiente ao redor infelizmente. Agradeci pela minha determinação de não levar o celular para o bar e poder viver a vida real. Havia alguns casais, grupos de amigos, mas ninguém sozinho. Por que será que as pessoas não vão à bares sozinhas? Seria o medo da própria companhia?
Enfim, digressões à parte, vamos voltar a meditação.
Esses dias, como quase sempre, estava no bar concentrada na música, em um canto sozinha. Então começou a tocar uma música que eu não ouvia há muito, muito tempo. Lembrei da primeira vez que a escutei, alguns anos atrás. Lembrei de onde eu estava, era noite, era outra cidade, era provavelmente outro eu. Lembrei do que eu pensava e em quem eu pensava quando escutei aquela música pela primeira vez. Foi algo bom. Percebi o quanto a vida mudou, o quanto eu mudei. O que ocupava a minha mente naquela época é muito diferente do que ocupa a minha mente agora e acho que naquela época eu não imaginaria isso. Quando escutei essa música pela primeira vez eu estava feliz, por alguns motivos que não são os mesmos que me deixam feliz atualmente. A vida seguiu em frente, mudou, e ali estava eu, em outra situação, ouvindo a mesma música, pensando na vida e me sentindo grata por todas as vivências que me conduziram até ali, até aquele instante. Talvez por isso músicas sejam eternas.
Foi um daqueles momentos de paz. Parece simplório e talvez seja mesmo. No entanto, é de uma simplicidade encantadora esse nível de consciência, de entender alguns caminhos da vida e principalmente de viver o momento com o coração.
Será que um dia ouvirei essa música em um lugar e contexto completamente diferente e lembrarei daquela noite no meu bar preferido em que eu estava feliz com a vida? Será que outras tantas músicas que eu gosto servirão de trilha sonora perfeita para momentos perfeitos da vida? Ah, a graça de viver…


Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/bebidas-alco%C3%B3licas-bar-cerveja-1845295/

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Um obrigada para você que...








Esse texto eu escrevi há muito tempo atrás e não publiquei, pois era pessoal, mas acho que é muito fofo para ficar guardado então aqui está.

Faz muito, muito tempo, mas um muito obrigada para você que entrou na minha vida quando eu menos esperava, quando eu não tinha muitas esperanças de que alguém fosse me surpreender e fez dela um lugar bem mais divertido e alegre por algum tempo.
Nada na vida é definitivo e nossa história não poderia ser mesmo. Foi o que eu sempre soube que seria: uma boa história. Quanto mais eu percebia que queríamos da vida e para a vida coisas muito diferentes e que tínhamos fiilosofias de vida que não se encaixavam, mais eu percebia que era algo passageiro. Como uma chuva de verão em um dia abafado.
Isso não me impede de te achar uma pessoa incrível! E não digo isso como consolo. Digo porque foi exatamente o que tu me mostrou ser com inteligência, bom humor e teu jeito despreocupado e otimista de ver a vida. 
Nossas conversas animaram os meus dias, tornaram eles mais leves. Falamos tanto e sobre tantas coisas e tu permitiu que eu fosse eu mesma. Acho que no fim das contas tu te surpreendia por eu conseguir ser engraçada e pelas nossas conversas irem tão longe.
As vezes eu sinto falta das nossas conversas loucas. Não acho que tínhamos futuro romanticamente falando e acho que no fundo tu sabe isso tanto quanto eu. Mas teu bom humor era contagiante e poder te falar qualquer loucura que viesse na minha cabeça com a certeza de que seria compreendida e que ainda por cima a minha teoria maluca seria aprimorada após a nossa conversa era ótimo. Não somos um casal que combina, mas somos uma dupla inteligente demais.
Afinal de contas, quem melhor que tu poderia me escrever aquele depoimento que combinamos?!
Enfim, eu torço para que tu encontre exatamente o que tu procura e que receba muito da vida.

domingo, 13 de outubro de 2019

Sobre se libertar das frustrações




Eu sou apaixonada por São Paulo. Grandes cidades de um modo geral me fascinam: é um mundo de possibilidades ao alcance das mãos, gosto do anonimato das multidões, das luzes e do estilo de vida corrido. No fundo, no fundo, me frustrava um pouco a ideia de nunca ter morado em São Paulo ou outra grande cidade do Brasil ou do mundo. Não que fosse uma mágoa profunda, mas me chateava que a vida não houvesse me levado aonde eu queria nesse sentido. Volta e meia, vida vai, vida vem, me pegava pensando se conseguiria realizar essa espécie de sonho de me perder no anonimato da cidade grande todos os dias da vida ao invés de apenas em raras ocasiões de viagens. Me frustrava isso não ter acontecido ainda. Não que houvesse qualquer coisa de errado com a vida por isso, ela simplesmente foi acontecendo e me levou por caminhos diferentes, caminhos que não levavam às metrópoles dos meus sonhos. Pé no chão, pensava nas dificuldades de realizar essa minha vontade e no quanto queria ter a experiência das grandes cidades ao menos por algum tempo na vida.
Até que hoje me peguei pensando e falando sobre isso novamente. Só que dessa vez, não foi pensando em como é frustrante não estar vendo a vida acontecer nas ruas da grande cidade, em todas as possibilidades que eu teria, em como seria divertido e excitante. Foi pensando apenas que isso não importa mais, que tudo bem eu não ter essa experiência, pois eu estou feliz onde estou, que não é isso que faz a diferença. 
De certo modo, já escrevi sobre isso mais de uma vez. Aqui eu escrevi sobre a sensação de deixar ir coisas do passado e se libertar delas, mas acho que também vale deixar ir coisas que queríamos muito e passamos a não mais querer, está tudo bem. Aqui, no meu balanço de dez dias morando sozinha, eu escrevi sobre o sentimento novo de pensar que pela primeira vez na vida estou exatamente onde deveria estar e que não queria estar em nenhum outro lugar. É uma sensação maravilhosa de paz consigo mesmo, que eu estou amando experimentar. 
É como se libertar de um peso e aceitar a vida como ela é, da maneira que acontece. Que nossos caminhos de evolução podem ser diferentes do que esperávamos ou gostaríamos a princípio, mas que também podem ser maravilhosos, se soubermos enxergar o lado bom, se aceitarmos de coração aberto.
Do ponto de vista prático estar morando em uma cidade pequena me trás muita qualidade de vida: tudo parece estar à poucas quadras de casa, não enfrento trânsito nem transporte público precário diariamente, posso pedalar em lugares bonitos, não há poluição excessiva, me sinto segura, o custo de vida é baixo. Só vantagens. A cidade grande? Ainda me fascina claro, mas aceito que ela me ofereça seu mundo de possibilidades quando a visito e posso admirar sua loucura de fora, como apreciadora, não como alguém que está no meio de seu redemoinho.
Esse exemplo do meu sonho da cidade grande cai como uma luva para o sentimento de se libertar de frustrações e pensar a vida de um modo mais leve e simples e até mesmo mais lento e a aceitá-la melhor. Eu não sei como cheguei a ele, acho que isso se chama amadurecimento ou lucidez talvez. 
A vida tem suas surpresas, talvez um dia eu até esteja morando em São Paulo ou outra grande cidade do mundo e experimentando as vivências que um dia imaginei. Talvez. Tanto faz, por enquanto, a vida dos sonhos é agora.


quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Porque eu acredito que não deveríamos ter medo de pagar mico



Eu já ouvi de amigos a declaração: “Adri, tu é muito cara de pau!”. O que tenho a dizer em minha defesa? Nada, só que sou mesmo! Também já ouvi que é muito bacana a forma aberta como falo o que penso sem medo de me expor. Acho que já causei admiração por isso até, de uma forma muito positiva. Porque nem de contar as minhas vergonhas eu tenho vergonha! Não tenho problema em contar os micos da vida se for para divertir as pessoas de quem eu gosto.
Na verdade, tudo isso é apenas uma consequência da forma que escolhi viver a minha vida: nunca deixar de fazer ou dizer o que eu tivesse vontade por medo de passar vergonha ou do que as outras pessoas vão pensar. Acho que isso simplifica bastante as coisas.
A gente faz o que dá vontade, sem se preocupar com a reação das outras pessoas ao que falamos ou fazemos, sem medo de parecer bobo. Afinal, não temos nenhum domínio sobre as ações e reações das outras pessoas, isto é uma escolha delas. Por que haveríamos de nos preocupar com aquilo sobre o qual não temos nenhum poder? Por experiência, deixar as pessoas desconcertadas é divertido! Claro que alguns micos são a consequência natural, mas tanto faz, melhor do que passar vontade.
O melhor que podemos fazer é… bem, é oferecer o nosso melhor e torcer para sermos bem interpretados, torcer para que nosso comportamento inconsequente seja visto com a graça que queremos passar. E nos divertir com isso! Com a certeza de estar sendo sincero consigo mesmo. Acredito que agir dessa maneira dá uma leveza que somente as pessoas realmente autênticas (me achei agora) experimentam. O jeito é aproveitar e rir de si mesmo se for o caso.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Você já escreveu uma carta para o você do futuro?



Esses dias me lembrei que lá por 2013 acho, eu escrevi uma carta para eu ler em 2020 quando fizesse aniversário. Essa carta está guardada, intacta, esperando a data certa. Eu não lembro exatamente o que eu escrevi, lembro que era uma época de bastante incerteza na minha vida e que eu estava um pouco perdida. Acho que me fiz uma porção de perguntas do tipo se em 2020 eu já fiz isso ou aquilo que, em 2013, eu gostaria de fazer no médio prazo. De lá para cá eu sei que já fiz uma porção de coisas que eu sempre disse que queria fazer. Enfim, vou aguardar a data para ler essa carta e tenho certeza que vou rir de algumas coisas que eu queria naquela época. 
Acho que essa coisa de escrever uma carta para o seu eu do futuro é uma boa tradição porque nos permite ver a evolução do nosso pensamento ao longo do tempo. Nos permite ver as coisas que eram importantes e que queríamos ser/fazer/ter em determinada época. Quando a carta for lida talvez essas coisas, algumas delas, não tenham mais o mesmo significado e/ou a mesma dimensão enquanto tantas outras coisas, pessoas, lugares e situações novos façam parte da nossa vida. Além disso, é uma forma de relembrar o “eu” do passado, ver o quanto crescemos e o quanto mudamos. E também ver que algumas coisas nunca mudam. 
Vamos lá?

Uma das melhores frases dos últimos tempos



Uma das melhores frases que eu li nos últimos tempos e que infelizmente não fui eu que escrevi. Foi na introdução do livro “Homem Livre: ao redor do mundo sobre uma bicicleta” que eu comecei a ler semana passada. A frase é: “Já sabia que o medo de estar só, na verdade, era o medo de estarmos com nós mesmos e encarar de frente quem realmente somos”. 
Quanta verdade em uma frase tão simples.

Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/livro-leitura-hist%C3%B3ria-de-amor-419589/

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Balanço 10 dias morando sozinha




Definitivamente eu acho que morar sozinho(a) é algo que todo mundo deveria vivenciar pelo menos por algum tempo em algum momento da vida. É a melhor maneira de se conhecer de verdade, de entender quem de fato a gente é, o que a gente gosta. Ter privacidade, independência, não ter ninguém para implicar se eu não quiser arrumar a cama ou se eu quiser fazer barulho. Eu sinceramente não acho que seja solitário. Eu adoro ir dormir em silêncio, sem o barulho de outras pessoas e acordar da mesma forma.
Passo bastante tempo na cozinha. Gosto de colocar música no Spotify e preparar algo para comer. Não que eu seja chegada em cozinha (para falar a verdade não tenho talento nem paciência para preparar nada), mas mesmo preparar uma salada ou um bolo ou lavar a louça escutando a música, às vezes imaginando diálogos na minha cabeça, tem sido divertido. Eu não tenho mesa na cozinha. E também não tenho mesa na sala ou no quarto.  Então me sento para comer no banco que tenho na cozinha e fico ali, escutando a música e comendo, com calma, sem pressa. 
Eu também não tenho sofá. Não tenho guarda-roupa. Não tenho tapete. Não tenho microondas. Não tenho ferro e mesa de passar roupa. Não porque eu não possa comprar essas coisas, mas porque eu simplesmente decidi que eu não quero essas coisas. Uma das melhores partes é poder trazer para a minha casa apenas exatamente aquilo que faz sentido para mim. Essas decisões são fruto de uma reflexão consciente, são decisões que me poupam o esforço de muitas decisões no dia a dia porque tudo é mais simples e prático.
Adoro  sentar no chão para ler ou para fazer alguma coisa no computador e contemplar o espaço quase vazio a minha volta. Me deixa despreocupada. Além de ser fácil e rápido de limpar. E estou louca para que meus amigos venham se sentar no chão comigo para beber uma cerveja e jogar conversa fora. =)
E quase ia esquecendo de escrever sobre a cidade. Às vezes as pessoas me perguntam se estou gostando e fico meio sem saber o que dizer porque não tenho uma opinião formada. Me sinto um pouco em uma bolha porque não conheço muitas coisas e pessoas. Essa sensação de bolha não é inteiramente nova para mim então talvez não seja causada pelo lugar. O que posso dizer é que adoro não gastar quase nenhum tempo com transporte, essa é outra das melhores partes. Acho também que não é questão de gostar ou não gostar, é muito mais questão de vivenciar cada fase da vida, cada experiência porque cada uma delas é única e não volta nunca. Acho que estou exatamente onde deveria estar e essa é uma sensação um tanto quanto nova porque durante boa parte da vida tive a impressão de estar no lugar errado ou então queria estar em um lugar diferente. Agora, acho que estou no lugar exato em que deveria estar, pois ainda tenho o que aprender por aqui. Por quanto tempo? Não sei. Não importa, a vida tem dessas coisas, nos surpreende com os lugares também.

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

Tempo de mudança



Engraçado como uma coisa parece puxar a outra. Esses dias escrevi sobre a solidão e o estar sozinha, mas não de uma maneira pessimista, ao contrário, sobre a importância e a graça de aprender a se virar sozinho e a lidar consigo mesmo (aqui). Hoje estou preparando a mudança para ir morar sozinha. Parece que o momento certo da vida para morar pela primeira vez sozinha chegou. É uma experiência de vida que acredito seja muito importante para qualquer pessoa e que eu ainda precisava ter.
Estou ansiosa por essa nova fase da vida e percebo como é encantador o modo como tudo nos surpreende ao acontecer no momento certo. Quando escrevi aquele texto, não estava pensando em me mudar. A ideia já havia surgido outras vezes claro, mas sempre achava que ainda não era o momento. Então as coisas aconteceram: vi um apartamento perfeito, fiz muitos cálculos de gastos - o mais importante e o que as pessoas mais esquecem na hora de decidir sobre morar ou não sozinho - e decidi. A graça da vida.
Preciso desse momento agora. Passar algum tempo comigo mesma. Acho que combina com o que eu penso e acredito e me permitirá levar a vida mais a meu modo, fazendo tudo do jeito que tenha significado para mim.
Obviamente o minimalismo me acompanhará na nova jornada. Acho que foi muito bom ter alguns anos de amadurecimento à luz do minimalismo antes de estar pronta para mudar. A maneira como vou dispor do meu novo espaço estará de acordo com o que busco e quero para a minha vida. Nada daquelas coisas que trazemos para casa usualmente pensando: um dia eu vou usar, um dia eu posso precisar. O que estou aplicando é: se e quando surgir a necessidade, providenciamos, do contrário, não estará presente ocupando espaço, tempo e energia.
Tenho lido algumas coisas sobre a experiência de morar sozinha. Sempre é bom aprender com os erros e acertos das outras pessoas. Muito se fala sobre a sensação de solidão que morar sozinho muitas vezes trás. Eu mesma confesso que - um dia - já pensei que morar sozinho é um pouco triste. Me pergunte agora se eu tenho medo da solidão? Não preciso nem dizer que não. Vamos ver, estou curiosa para saber qual será a sensação, mas acho que emocionante é uma palavra melhor do que triste para descrever a sensação que tenho com essa ideia.
Por último e não menos importante, isso tudo tem muito a ver com perceber que eu me tornei a pessoa que eu gostaria de ser. Sabe aquele momento que você se dá conta de que se tornou a pessoa que sempre almejou ser? Que você está fazendo as coisas e agindo da maneira que sempre disse que faria um dia? Essa sou eu. Sendo coerente com minhas ideias.
E o que isso tem a ver com morar sozinha? 
Morar sozinha vai me permitir aplicar melhor aquilo em que acredito, simplificar minha vida, estar mais perto do trabalho, experimentar um lugar novo, ganhar tempo para dedicar ao que é importante, testar, aprender com os novos desafios que surgirem. Afinal, a vida não é estática e precisamos de mudança, de novos aprendizados, de novos ares.


Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/bagagem-sacos-mala-brown-caso-1436515/


quinta-feira, 22 de agosto de 2019

Sobre a solidão




Tenho refletido a respeito da solidão e as formas de lidar com ela. Me parece que as pessoas de um modo geral estão pouco acostumadas a aceitar a solidão. Penso que é uma lição importante para a vida, pois evita problemas e desilusões e torna a velhice mais fácil.
Lembro bem que minha avó, mãe da minha mãe, agora já falecida, quando ficou viúva, não admitia de modo algum ficar sozinha em casa. Dormir sozinha então, nem se discutia. Levou anos até que ela finalmente conseguisse se acostumar a dormir sem a presença de outra pessoa. Nesse meio tempo, bastante transtorno causou para familiares e para ela mesma. Isso porque ela jamais havia dormido sem alguém da família sob o mesmo teto. Me parece absurdo, mas percebo que não é tão incomum pessoas adultas que nunca dormiram sozinhas. Sou grata por, ao menos, já ter me acostumado há muito tempo a dormir sozinha em casa.
Como a minha avó deveria ter aprendido antes, acho importante acostumar-se a estar só. Porque, no fim das contas, a única companhia que estará sempre presente é a nossa própria. É a única companhia que temos certeza de que teremos para sempre. Não adianta ter dez filhos, muitos amigos, uma família enorme, um marido dedicado, não há nenhuma garantia que qualquer uma dessas pessoas estará lá sempre. Ninguém sabe o que nos reserva o futuro. Então, nada melhor do que se preparar para enfrentar situações sozinho, ganhar independência. É um tipo de liberdade. Gosto por exemplo de ficar sozinha em casa e ter que cuidar de mim mesma. Viajar sozinha também me ensinou muito sobre isso (como escrevi aqui). Me ensinou que posso ir a qualquer lugar sozinha, que posso fazer qualquer coisa.
Aprender a se virar e a fazer as coisas sozinho é importante, mas o desafio mesmo é aprender a conviver consigo mesmo. Não apenas se virar sozinho e fazer o que precisa ser feito, mas fazer amizade com os próprios pensamentos. Sabe, aqueles pensamentos mais profundos que não conseguimos calar com música alta, com a tv ligada e nem mesmo com a companhia de outra pessoa. Aqueles que nos acompanham dia e noite, que fazem parte de nós e que não conseguimos controlar e que podemos até esconder de outras pessoas, mas não conseguimos esconder de nós mesmos. Chamo isso de aceitar quem somos. E acho que a melhor maneira de fazer isso é ouvindo nossa voz interior quando estamos sozinhos. E é desafiante lidar consigo mesmo, talvez até mais do que meramente aprender a se virar sozinho.
Aí que a aventura começa. Curtir o tempo de ócio consigo mesmo, aprendendo mais sobre si, escutando os pensamentos que não calam. Aceitar a solidão quando ela vem. 
Estar completamente só nesse mundo hiperconectado é difícil. Uma conversa com um amigo distante ou mesmo com um desconhecido está a alguns cliques de distância. Mesmo assim acho importante me conectar comigo mesma em um nível mais profundo. Curtir um tempo de folga apenas com meus próprios pensamentos, aprendendo mais sobre mim mesma. Desacelerar. Viver aquele dolce far niente com intenção.
Como muitas coisas na vida, é um pouco questão de prática. Por que não tentar de vez em quando?