segunda-feira, 29 de outubro de 2018

6 Séries não tão famosas que vale a pena assistir


Às vezes é legal se deixar surpreender por séries que não são aquela sensação de público, mas que são um excelente passatempo ou que geram reflexões interessantes. Listo agora 6 séries que me deixaram muito feliz de assistir e que eu acredito que merecem uma chance.

O Tempo entre Costuras
Estréia: 2013
Número de temporadas: 1 (11 episódios)
Uma série espanhola sobre Sira Quiroga, uma costureira espanhola que se muda para o Marrocos atrás de um grande amor. Lá ela precisa se reinventar em uma cultura diferente e acaba virando uma espiã em meio à guerra. Interessantíssima! É o tipo de história que te dá vontade de viver uma vida de espionagem cheia de aventuras! Além dos belíssimos cenários marroquinos, espanhóis e portugueses que são mostrados na série, Sira desfila lindos vestidos de encher os olhos mesmo dos menos afeitos à moda.

Please Like Me
Estréia: 2013
Número de temporadas: 4 (32 episódios)
Série australiana de episódios curtos que mostra a vida de Josh, um rapaz com dificuldade para se encontrar cuja vida muda bastante ao descobrir que é gay e que a mãe dele tentou se matar. É uma série despretensiosa, que trabalha temas muito profundos como homossexualidade, depressão, suicídio, morte e relacionamentos de modo leve, simples, divertido e surpreendentemente adulto. Sem alarde, sem sensacionalismo.

O Truque da Estrada
Estréia: 2017
Número de temporadas: 1 (10 episódios)
A série acompanha o ilusionista americano Adam em uma viagem pela Europa, fazendo mágica e interagindo com as pessoas que ele encontra pelo caminho de modo extremamente positivo. Além de conhecer belas cidades européias, vemos o engraçado e desajeitado Adam surpreendendo pessoas com sua mágica. Uma série sobre viagens e sobre pessoas que cruzam nosso caminho. Acho que conseguiram unir dois dos meus temas favoritos aqui.

Big Little Lies
Estréia: 2017
Número de temporadas: 1 (7 episódios)
Outra série com reflexões profundas muito bem construída. Bullying, violência doméstica e vida em comunidade são alguns dos temas presentes. O pano de fundo? Um assassinato em que a identidade de assassino e vítima são desconhecidas do público. Além disso, temos a Reese Whiterspoon, a Nicole Kidman e a Shailene Woodley (que eu nem conhecia antes) dando um show de interpretação.

Mr. Selfridge
Estréia: 2013
Número de temporadas: 4 (40 episódios)
A série britânica que mostra a vida de Harry Selfridge, fundador da famosa loja de departamentos Selfridges. Acompanhamos a vida e os dramas da família Selfridge, dos funcionários e da loja, que parece ter vida própria. É uma série sobre empreendedorismo em uma época e lugar maravilhosa: Londres no início dos anos 1900. A série dá alguns saltos temporais entre as temporadas de modo que podemos acompanhar o amadurecimento dos personagens e a própria história da Europa, incluindo a primeira guerra mundial.

Ink Master
Estréia: 2012
Número de temporadas: 10 até o momento
Adoro tatuagens! Não tenho nenhuma, mas sou fascinada pela arte na pele. Isto quando a arte é verdadeiramente bonita e no estilo “de cair o queixo”. Aprendi bastante sobre toda a técnica por trás de tatuar apenas de assistir esse reality show apresentado por Dave Navarro. Belos desenhos e muita, muita técnica estão presentes no trabalho dos competidores (enquanto alguns deles parecem estar ali apenas para cometer erros). Arte em uma ótima forma! Além de discussões e desafios desconcertantes típicos de reality show. É um dos pouquíssimos programas que curto assistir mesmo os episódios que já vi. Se você gosta de tatuagem, assistir Ink Master vai levar o seu gosto a outro nível e se não gosta, bem, vai aprender a apreciar, pois é impossível ficar indiferente.

sábado, 27 de outubro de 2018

Mas tu viaja sozinha?



Essa é a pergunta que mais ouço sobre viagens. Conhecidos me perguntam isso, colegas me perguntam isso, vizinhos me perguntam isso, até o motorista do Uber me levando para o aeroporto me pergunta isso, todo mundo me pergunta isso.
Minto.
Brasileiros me perguntam isso. Apenas.
Estrangeiros dos quatro cantos do mundo não me perguntam isso. Oficiais na imigração de diferentes países não me perguntam isso. Pessoas que cruzam meu caminho em viagens não me perguntam isso.
Por que é tão difícil entender e aceitar uma mulher viajando sozinha para qualquer lugar? Se é que tem a ver com o fato de ser mulher. Um ser humano viajando sozinho já seria motivo de estranhamento suficiente? Sou apenas independente. Tenho vontade de viajar, viajo. Não espero ou preciso de ninguém a tiracolo para realizar minha vontade. Não dependo de ninguém. Sigo em frente, arrastando malas ou mochilas pelas ruas, por aeroportos, pegando trem, metrô, avião. Me hospedo em hostel (como assim, dividir quarto com outras pessoas?!), dou preferência ao transporte público (por questão de economia e de convicção), durmo em aeroportos quando necessário, decido meus próprios roteiros, sonho em conhecer países exóticos, peço para estranhos tiraram algumas fotos minhas… Sozinha. Por que não sozinha? Não sei qual a dificuldade, qual a estranheza. Com o absurdo acesso à informação que temos hoje em dia, não há dificuldade nenhuma em planejar uma viagem sozinha. Dá trabalho, toma tempo, exige responsabilidade saber que se estará sozinha em um lugar estranho, muito longe de casa, mas não é uma tarefa tão árdua assim, não cai pedaço, não traumatiza ninguém. Precisa de um pouco de coragem? Precisa, não vou negar. É solitário? É, um pouquinho sim. No entanto, nunca deixei de fazer nada em nenhuma viagem por estar sozinha, não deixei de conhecer nada que gostaria por estar sozinha. Se fiz ou não fiz algumas coisas, foi por questão de economia ou por medida de segurança que seriam exatamente as mesmas se estivesse acompanhada.
Quando me dei conta de como as pessoas me perguntam isso e comecei a pensar a respeito, percebi que são apenas conterrâneos que tem esse estranhamento. Por quê? Não tenho uma resposta. Seria algum aspecto cultural brasileiro desconhecido por mim que leva as pessoas a questionarem isso? Se alguém souber, por favor me diga. Será que a insegurança de nosso país faz as pessoas acharem assustador demais a ideia de estar sozinho em outro lugar? Será que sou eu que não me ajusto muito bem ao modo de pensar brasileiro? Bom, isso já percebi que é verdade.
Pois bem, só queria gerar a reflexão: “Por que não sozinha? Por que não? Por que se impedir de fazer alguma coisa?” Um tapinha leve na cara da sociedade. Uma pequena vontade de alfinetar a zona de conforto brasileira. Afinal de contas, viajar é exatamente isso e é libertador demais fazer sozinha, só você e o mundo.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Por que Game of Thrones é a melhor série de todas?


Porque sim!
Demorei muito para começar a assistir Game of Thrones. Anos. Já tinha ouvido falar claro e casualmente assistido uma cena ou outra na troca de canais na tv a cabo, mas nunca havia me interessado por assistir de fato essa série. Não ia muito com a cara da Emilia Clarke e achava muito forçado “esse negócio de dragões”. Ainda, me parecia que era muito violenta para o meu gosto, acostumada com séries do tipo “sitcom”.
Até que ouvi tanto da fama de GOT como é chamada pelos fãs e de como a série é bem produzida que comecei sem nenhuma pretensão.
E me apaixonei.
Respondendo a pergunta “por que Game of Thrones é a melhor série?” eu costumo dizer que é porque é uma série completa. Embora seja uma série de fantasia, acho que ela consegue reunir com maestria aspectos de diferentes gêneros. Todos os elementos que nos levam a assistir isso ou aquilo estão ali, muito bem colocados. Há política. E acho que principalmente política. Há fantasia. Há guerras. Há batalhas. Há aventura. Há romance. Há putaria. Há um pouco de humor. Há um toque de terror. No meio disso tudo, há personagens extremamente complexos e bem construídos, com motivações, personalidade, pontos fortes e fracos, lutando pela sobrevivência e pelos seus interesses na disputa pelo trono de ferro de Westeros. Há belos cenários que compõem o mundo ficcional criado por George Martin. E há dragões.
Qualquer público pode ser agradado com tudo isso, mas não é somente isso. Temos o grande e fundamental detalhe de que “todo mundo morre em Game of Thrones”. Personagens amados e odiados, protagonistas e coadjuvantes, ninguém parece escapar da possibilidade de perder a cabeça (ou ter uma morte ainda pior) em Westeros. Aquele personagem que achamos que é fundamental para a continuidade da história, repentinamente é tirado do jogo por uma morte precoce desconcertando os fãs que atônitos não sabem como a história continuará a partir dali. No entanto, ela continua e ainda por cima parece ficar melhor. É importante avisar antes que você comece a assistir: não se apegue muito a nenhum dos personagens, pois há uma grande chance de que ele morra de uma forma bastante cruel muito em breve. Afinal, “quando você joga o jogo dos tronos, ou você vence ou você morre”. Não sei explicar porquê, mas a forma como a história continua, independente de alguns personagens queridos não estarem mais entre nós torna a série maior que seus personagens. Não é aquele tipo de série que existe somente porque esse ou aquele personagem, brilhantemente interpretado por um grande ator ou atriz, está lá.
Claro que há excelentes atores e atrizes. E a Emilia Clarke com quem eu nem simpatizava muito (como assim “mãe de dragões”?) é uma delas. Uma personagem forte e cativante, com um grande senso de justiça, muito bem interpretada por uma ótima atriz. Entretanto, a história se sobrepõe aos excelentes atores e atrizes e acontece independente deste ou daquele.
Após terminar as 7 temporadas atualmente disponíveis (em apenas um mês), fui para os livros. Devorei os 5 publicados até o momento com grande curiosidade, movida principalmente pelo fato da história na série ter ido além da história dos livros. Sim, a série foi além dos fatos narrados nos livros e tomou um rumo diferente em diversos momentos. Os livros valem a pena serem lidos, são ótimos e apesar de terem 600 ou 800 páginas, são uma leitura rápida. No entanto, é um daqueles raros casos - o único que eu conheço na verdade - em que a série consegue superar o livro. As cenas de batalha e as paisagens são tão bem trabalhadas na série e um pouco difíceis de imaginar nos livros. Assim, embora recomende a leitura também (sobretudo para os que gostam do gênero de fantasia), você pode passar muito bem apenas com a série.
Alguns personagens que morreram há muito na série ainda estão vivos nos livros e alguns outros personagens muito importantes existem apenas nos livros. Embora tenha um pouco de medo de que no final da próxima e última temporada alguns dos personagens queridos que restaram e por quem torcemos tanto, tenham um final triste, torço para que a série e os livros tenham desfechos diferentes entre si. Assim, quem sabe, ainda poderei escrever uma resenha sobre “qual o melhor final de Game of Thrones” não é mesmo?

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Livros aleatórios que marcaram a minha vida


Listas! Adoro listas de todo tipo! De livros então, mais ainda! Como leitora voraz queria escrever a minha. Essa era para ser uma lista de “10 livros que marcaram a minha vida”, mas acabou que era impossível escolher apenas 10. Sem falar em algumas “menções honrosas”, livros de estilo semelhantes de algum modo a outros que marcaram muito e que também são boas sugestões de leitura.
Então, eis aqui um lista de alguns livros que realmente gostei muito. É difícil dizer de qual gosto mais, pois são de gêneros diferentes e a razão de gostar de cada um varia bastante. Segue também comentário de porque eu acredito que todo mundo deveria lê-los.
Os livros não seguem nenhuma ordem específica e classifiquei-os em categorias aleatórias.

Categoria: relatos de guerra
Relatos de guerra são uma das minhas temáticas favoritas para livros. Tanta emoção, aventura, história e reflexão juntas! Sei que um dos relatos mais famosos é o Diário de Anne Frank, que li e gostei, mas meu relato de guerra favorito é Nada de novo no front de Erich Maria Remarque. É sobre garotos que vão para o front durante a primeira guerra mundial e lá se tornam homens. Comovente até o osso.Também acho interessante por ser um relato sobre a primeira guerra mundial, enquanto a maioria dos livros desse estilo são sobre a segunda guerra. Alerta: leia se você estiver em uma “vibe” boa, pois é de chorar rios de lágrimas.
Menção honrosa para um livro não tão famoso chamado Inverno na manhã Uma jovem no gueto de Varsóvia de Janina Bauman. Título autoexplicativo. A escritora nos brinda com a reflexão de que “a luta mais árdua de todas é permanecer humano em condições desumanas”.

Categoria: romance policial
Meu gênero literário favorito por anos a fio. Desde que terminei de ler todos os romances policiais da Agatha Christie, não li muitos outros no entanto. Ela é minha escritora favorita e gosto de romances policiais antigos. Meu favorito até hoje é O caso dos dez negrinhos (parece que foi rebatizado de “E não sobrou nenhum” mais recentemente). No entanto, indico para que quer iniciar no gênero também O misterioso caso de Styles, história bem clássica no gênero policial, que eu classifico como “crime em família”. É o livro de estréia da Agatha Christie, apresenta o seu personagem mais famoso Hercule Poirot e o meu personagem da Agatha mais querido, o capitão Hastings.
Menção honrosa para Um estudo em vermelho de Sir Arthur Conan Doyle que apresenta ao mundo o famoso Sherlock Holmes. Livro desconcertante!

Categoria: livro espírita
Outro dos meus gêneros favoritos. Livros espíritas são lindos e viciantes. Ao começar um - especialmente se for um dos belíssimos livros da Zíbia Gasparetto - é quase impossível largar. Lembro de ter passado a adolescência lendo esses romances por horas a fio, esquecendo até de comer e dormir às vezes. As histórias são simples, mas envolventes, cheias de reviravoltas e de significado. Mostram o poder da vida e das nossas escolhas. São grandes lições. Mesmo quem não é espírita, deveria dar uma chance para esse tipo de romance. Qualquer livro da Zíbia é um bom livro e poderia figurar nessa lista, mas O matuto me marcou bastante por ser centrado em um personagem de personalidade forte cuja vida sofre uma grande mudança que ele não entende e não gosta inicialmente. Ele quer fazer as coisas do jeito dele e sofre, perdido, diante de alguns acontecimentos que se desenrolam independente da vontade dele. Aos poucos percebe como a vida está sempre certa e se reinventa da melhor maneira. Uma lição de vida!
Menção de honra para Violetas na janela da Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho. Best-seller responsável por me iniciar na literatura espírita aos dez anos de idade. O mais belo, singelo e cativante relato da vida no plano espiritual.

Categoria: crítica social
Livros fortes que te fazem refletir sobre a sociedade e o que ela pode vir a se tornar. Não é uma literatura para qualquer um, tem que ter uma postura crítica para gostar. George Orwell, um dos meus escritores favoritos, e seu 1984 é o livro perfeito. O livro, escrito em 1948 narrando uma sociedade distópica e totalitária, é extremamente atual. Muitos consideraram uma crítica a governos socialistas, mas é muito maior que isso, é uma crítica à sociedade e os rumos que ela está tomando. Mais do que uma simples ficção, é um livro político, com um desfecho que nos deixa parados sem conseguir acreditar, mas que não poderia ser diferente. Outros livros do Orwell são quase igualmente impactantes. A revolução dos bichos, a melhor fábula política já escrita, parece um livro muito adequado para o Brasil atual que leva política tão pouco a sério. O menos famoso O caminho para Wigan Pier publicado em 1937 narrando a vida e o trabalho nas minas de carvão do norte da Inglaterra é um livro sobre trabalho, estrutura social e miséria.
Viagens de Gulliver de Jonathan Swift não é uma leitura exatamente fácil, mas que não deveria ser deixada de lado. É sobre viagens, sobre aventura, é um livro de fantasia e fundamentalmente é um livro sobre os seres humanos e um tapa na cara da sociedade de qualquer tempo e lugar.

Categoria: livro infantil ou sobre a infância
Confesso que quando li O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, pela primeira vez, há tantos anos que nem sei precisar quando, achei que era um livro infantil bem bobo. Não entendi porque as pessoas achavam tão fantástico e concluí que eu não devia ter entendido direito o livro e deixei de lado. Há poucos anos resolvi reler. Dessa vez acho que estava com o espírito mais leve e mais alegre, pois me encantei com a simplicidade do livro que teve uma perspectiva completamente nova para mim. Foi como se ele traduzisse várias ideias bacanas que povoavam minha mente, vários valores que começaram a despertar em mim mais recentemente, enfim, foi um outro olhar sobre a vida. Gratíssima surpresa!
Capitães de areia de Jorge Amado (outro dos meus autores favoritos) mostra um outro tipo de infância, de meninos pobres crescendo pelas ruas da Bahia. Mais brasileiro impossível. No mesmo estilo, menciono Os meninos da rua da praia, de Sérgio Capparelli, dessa vez sobre meninos jornaleiros no centro de Porto Alegre e a aventura deles com uma tartaruguinha perdida.

Categoria: livro místico
Li Há um anjo ao seu lado de Kelsey Tyler com a minha mãe há muitos anos. Lemos e relemos juntas as diversas histórias de pessoas que encontraram anjos em seu caminho. Não, não aquele anjo de auréola e asas, mas pessoas que surgiram em momentos cruciais auxiliando e desapareceram subitamente logo após. Mesmo que não se acredite na parte mística dos relatos, são bonitas histórias de pessoas enfrentando os desafios da vida. Esse livro nos marcou tanto que de tempos em tempos relembramos ainda algumas histórias, mesmo passada mais de uma década de sua leitura.

Categoria: livro sobre o significado da ternura
O meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos não poderia figurar em uma categoria diferente de “livro sobre o significado da ternura”. Não, não é um livro infantil sobre um garotinho que tem um pé de laranja lima no quintal de casa. Essa é somente a descrição de quem não entende nada de livro e muito menos de ternura. Chorei, chorei tanto com esse livro! Ao ler, não esqueça de conferir a consagrada dedicatória, tão importante quanto o livro.
Menção honrosa para o mais atual Extraordinário de R. J. Palacio. E não, não vale assistir o filme ao invés de ler o livro! Não é apenas um livro sobre o bullying, é um livro sobre ser terno. Ou, como o personagem principal, o garotinho Auggie Pullman, descobre, é um livro sobre a escolha entre estar certo e ser gentil e que escolher ser gentil é sempre uma opção melhor e mais generosa.

Categoria: vida prática e minimalismo
Não vou escrever muito sobre Menos é mais de Francine Jay, pois já escrevi uma resenha inteira sobre ele aqui. Também os livros da Marie Kondo, A mágica da arrumação e Isso me trás alegria com a singela teoria de que devemos manter nas nossas vidas apenas aquilo que nos trás alegria.

Categoria: empoderamento feminino
Não, não me considero feminista. No entanto, acho que muito aprendemos com exemplos e trago nessa categoria livros sobre mulheres admiráveis. Eu sou Malala, de Malala Yousafzai, é um livro sobre mulheres no Paquistão, é um livro sobre educação, é um livro sobre empoderamento, é um livro sobre terrorismo e repressão. Poderia ser mais completo que isso?
Mulheres que mudaram o mundo, de Gabriel Chalita, merece uma grande menção. A vida e história de mulheres a frente de seu tempo que venceram preconceitos com classe, trabalho duro e sem alarde, conquistando seu espaço com seu próprio esforço e mérito.
Menção honrosa para Depois daquela viagem de Valéria Piassa Polizzi. É a história de uma garota, a própria Valéria, que aos 16 anos contrai o vírus da AIDS. Mais um livro sobre se reinventar e construir a melhor história com aquilo que a vida nos dá.

Categoria: livros sobre a vida como ela é
Possivelmente o livro que mais marcou a minha vida é Vivendo, amando e aprendendo de Leo Buscaglia. 15 anos depois da única vez que li esse livro e ainda lembro de várias passagens. Leo Buscaglia era professor de um curso de “Amor” em uma universidade americana. Sim, um curso intitulado “Amor”. No livro ele explica bastante sobre suas aulas nesse inusitado curso e também sobre a vida e as pessoas, além de fazer várias reflexões sobre educação. Fala sério, você não ia querer saber o que um professor de “amor” tem a dizer? O livro é como se o autor conversasse conosco. A mim ensinou uma forma singela e doce de ver a vida.
Se eu tivesse que escolher apenas um livro para reler pelo resto da minha vida, muito provavelmente seria esse. Preciso dizer mais?

Quais livros marcaram a sua vida? Você já parou para pensar a respeito?

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O que você diria para a última pessoa que machucou o seu coração?


A última pessoa que machucou de verdade o meu coração, machucou por algo que ela disse. Uma simples frase, dita em uma noite qualquer: “Eu já tirei muitas pessoas da minha vida, mas eu nunca vou te tirar dela.” Na hora não parecia algo dito sem pensar, parecia fruto de uma reflexão e me deixou feliz. Só machucou algum tempo depois, quando de fato a pessoa me tirou da vida dela.
O que eu diria para essa pessoa inconsequente?
Eu diria:
“Obrigada por ter me tirado da sua vida. Obrigada de todo o coração por permitir que eu continuasse o meu caminho sem você, que eu seguisse em frente buscando algo que me fizesse melhor. Você ter me tirado da sua vida me fez crescer muito, me fez perceber muitas coisas. Algumas dessas coisas foi você que me mostrou inclusive, mas eu só poderia aprender a lição sozinha. Espero que sua busca pela felicidade também seja mais frutífera sem mim. Você trilhou uma ínfima parte do caminho comigo e quando chegou o momento, partiu. Assim é a vida. Nada é definitivo. Se você não tivesse me tirado da sua vida, eu não poderia voar tão alto.”
Talvez a pessoa para quem eu escrevo o trecho acima nunca leia isso. Se ler, talvez não sequer se reconheça na minha história. Não importa. A sensação de deixar ir é libertadora.
E você, o que você diria para a última pessoa que machucou o seu coração?

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Cadê a intuição?!



Tenho muitas histórias para contar. Dos livros que li, dos lugares por onde passei, das coisas que aprendi... Mas tem uma história que eu nunca tive. Admiro muito as pessoas que dizem tê-la e queria saber se são realmente verdadeiras.
Sabe aquele momento da vida em que você percebe que está em uma encruzilhada e de repente tem uma espécie de inspiração, escuta uma voz interior ou tem uma intuição sobre o que fazer? São muitos os nomes: inspiração, luz no fim do túnel, voz interior, premonição, intuição, instinto, e por aí vai. Não importa o nome que se dê, é um sentimento misterioso que surge, uma vozinha que lá nos fundo nos diz sobre como proceder. Pois é. Nunca tive isso. Nunca senti nada nem remotamente parecido.
Nas poucas decisões realmente decisivas da minha vida (com o perdão do trocadilho) não tive nenhum sentimento ou emoção especial que me indicasse o caminho a seguir. As decisões sempre foram tomadas pura e simplesmente usando a razão. O que é mais lógico, inteligente ou óbvio fazer? Pá. Decisão tomada. Acho que no fim das contas sempre foram resoluções acertadas. Não que se pudesse voltar no tempo e fazer diferente eu não mudaria nadica de nada. Só acho que foram as decisões mais corretas possíveis diante da situação e com a informação e maturidade que eu tinha. De novo, foram as decisões mais racionais. Uma lógica matemática não seria mais precisa que isso. Aliás, parando agora para pensar, sempre foi tudo muito bem calculado, cenários construídos, tentativas de prever os erros e problemas do futuro, tudo friamente calculado como diria o Chapolin. Nenhum calor, nenhum ímpeto, nenhuma emoção, nenhum movimento não premeditado. Não que eu seja calculista o tempo todo. Quem já me viu brava por exemplo sabe o quanto eu falo coisas sem pensar, o quanto sou emotiva e impetuosa. Na hora de dar passos importantes no entanto, entra em ação a cautela e a premeditação.
E sinto uma falta absurda de ouvir “minha voz interior”. Ah como eu queria uma sábia voz conselheira me dizendo o que fazer sem eu precisar exaustivamente ser racional. Porque ser racional é mentalmente cansativo. Ás vezes tudo o que eu queria era uma dose de determinação sem necessidade de ponderar tanto, sem tanto desgaste. É como se não existissem mais neurônios suficientes para tanto cálculo mental e eu clamasse por um auxílio.
Fico me perguntando se ao invés de racionalizar tudo, de seguir o caminho lógico, não deveríamos tomar as rédeas da própria vida e fazer o que desse na veneta seguindo o primeiro pensamento (porque afinal, talvez seja esse primeiro pensamento a tal inspiração) e depois lidar da melhor maneira possível com as consequências sejam quais fossem. Não sei. Não consigo me decidir. Não tenho nenhuma intuição de que isso seja o ideal e racionalmente acho que não é uma boa ideia.
Tenho somente uma teoria para explicar minha completa ausência de voz interior. É que ainda não vivenciei nenhuma situação realmente crucial na minha vida em que uma voz interior se fizesse necessária. Pretensiosa e sem graça eu sei. Poxa, todo esse tempo e ainda não chegou nenhum momento capital? Faz tudo parecer tão pequeno. É meu único consolo entretanto e com ele sigo em frente, esperando que um dia conseguirei ouvir essa vozinha conselheira.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sobre o final de How I met your mother

How I met your mother foi aquela série que eu amei desde o início até o final, em que eu me vi um pouco representada em cada um dos personagens e que fez sentido todo o tempo. Não foi como Friends, por exemplo, que eu passei a série inteira sentindo vontade de bater na egoísta da Rachel ou como Grey’s Anatomy que para mim perdeu todo o sentido ao longo dos anos.
Assim como acontece com muitos dos livros que leio, vou sentir uma saudade imensa desses personagens!
Refleti bastante sobre o polêmico final e acho que ele, assim como toda a série, tem importantes lições a ensinar.
Para mim Barney Stinson sempre foi o melhor personagem! Definitivamente. Eu não o enxergo como um egoísta. Muito pelo contrário. Embora tenha tratado muitas pessoas como descartáveis, ao longo da série ele dá diversas mostras do quanto se importa com quem realmente importa para ele: a maneira como ele correu para o hospital quando soube que Ted estava lá foi comovente, a maneira como ele se esforçou para arrumar um emprego no GNB para o Marshall e um emprego na televisão para a Robin quando soube que ela poderia ser deportada, a maneira como ele quis pagar para o Marvin a babá dos sonhos da Lily, todas as vezes em que ele se esforçou para fazer a Robin feliz em especial no final quando “trouxe o Canadá” até ela e principalmente o desfecho do “The Robin” – que para mim foi um dos melhores momentos da série, se não o melhor.
Considerações sobre o final:
ATENÇÃO SPOILER. Se você não viu o final da série, pare de ler aqui.
O óbvio e esperado por todos era que Ted vivesse feliz para sempre com a Tracy. Seria o final de conto de fadas. Eu mesma passei a série inteira esperando pelo momento em que “a mãe” se juntaria aos filhos no sofá para ouvir o final da história. Mas esse final feliz não traria tantas reflexões. A série mostrou e nos ensinou sobre a passagem do tempo, sobre o amadurecimento das pessoas e principalmente que há muitas pessoas que passam pela nossa vida nos deixando lições e vivendo algo conosco, mas que nem sempre isso é definitivo. Na vida, nada é definitivo.
A série também ensina que às vezes uma pessoa não pode nos dar tudo o que queremos. Ted queria uma família e filhos. Robin não podia e não queria dar isso a ele. Ela podia dar muitas coisas e foi o que fez ele se apaixonar por ela, mas não podia dar tudo. Robin podia dar muitas coisas a Barney, ela era sua melhor “bro”, mas de certo modo o impedia de ser quem era. Tracy podia dar uma família e filhos para Ted, mas ela também tinha Max seu primeiro amor.
Tracy viveu um sonho lindo com Ted, mas não podemos esquecer que ela tinha Max. A existência de Max mostra claramente como nada é definitivo. Ted foi um recomeço para ela, assim como ela foi um recomeço para Ted também e como Robin foi um recomeço para Ted.
A série era sobre a busca do Ted pela “the one”, mas ela também é uma série sobre a história do Ted com a Robin! Ted passou boa parte da série sendo infeliz, até finalmente encontrar a Tracy. Só que a vida não é perfeita e ela acabou partindo. Ele merecia também viver uma história com a Robin, que veio no momento em que os dois finalmente estavam prontos, maduros e aceitando um o que o outro poderia oferecer. Acho que ele merecia demais essa história com a Robin.
Não gostei do final do Barney. Não consigo acreditar que ele e a Robin não ficaram juntos porque para mim eles eram o casal perfeito da série – com todas as suas imperfeições! Isso doeu. Doeu muito. Mas se refletirmos que o Ted também merecia uma chance com a Robin, ela não poderia mesmo ficar com o Barney. Eu gostaria muito de mudar o final e fazer com que a Robin pudesse ter filhos e ela ter dado um filho a Barney. Depois disso, ela até poderia ficar com o Ted do jeito como aconteceu.
Acho que o final foi muito rápido, com muitas revelações “jogadas” de última hora sem dar tempo para digerir o suficiente. Concordo que a Tracy apareceu muito pouco. Não tivemos tempo suficiente para entender tudo (como a doença dela). Essas são críticas consistentes, mas são críticas sobre a estrutura de apresentação dos últimos capítulos.
Enfim, apesar de controverso e de ter me deixado um pouco triste, acho que esse final ensina muito, assim como a série como um todo ensinou. How I Met Your Mother me fez feliz todo o tempo, tudo bem o final ter me chateado um pouco.
Sim, it was legen... wait for it... dary!!!

domingo, 21 de outubro de 2018

O que eu aprendi com "90 dias para casar"


"90 dias para casar! é daquele tipo de programa que tu sabe que não deveria perder tempo assistindo, mas quando vê, não consegue desgrudar o olho. Para quem nunca ouviu falar, trata-se de um programa da TLC que mostra casais formados por um(a) norte-americano(a) e um(a) estrangeiro(a) que após se conhecerem e decidirem ficar juntos tem 90 dias para se casar (pois este é o prazo do visto americano concedido a alguém que pretende se casar com um cidadão dos EUA). Há uma variação do programa mostrando os participantes após o casamento também.  Assiste-se pela mera vontade de futricar a vida alheia de pessoas anônimas e muito distantes, eu sei. Somos bombardeados com horas de discussões intermináveis entre os casais, preocupações, embates com as respectivas famílias, choques culturais, estresse com o prazo, planos conflitantes e alguns indivíduos visivelmente apenas interessados no Green Card. No entanto, por detrás de toda a aparente encenação e futilidade que por vezes beira a comédia, em que nos perguntamos “o que essas pessoas estão fazendo?” podemos aprender grandes lições sobre relacionamentos. E é sobre essas lições que eu quero escrever.
Claro, vamos deixar claro que eu assisto o programa do alto da minha solteirice (cada vez mais convicta com a passagem do tempo) e portanto sem as lentes coloridas dos apaixonados, mas com a maturidade de quem já aprendeu um bocado e a certeza de que ainda tem muito a aprender.
Percebemos ao assistir esse tipo de programa o quanto é preciso estar de coração aberto em um relacionamento. O quanto é preciso estar disposto a abrir mão de coisas, mas abrir mão verdadeiramente, sem considerar essa decisão como um fardo que se está carregando em nome daquela pessoa, daquele relacionamento. Sem a exigência de compensações do tipo “eu abri mão de muitas coisas importantes da minha vida para ficar com você, agora você deveria agir como eu quero”. Especialmente quando estamos tratando de culturas e vidas completamente diferentes, é preciso deixar ir muito mais coisas. É difícil aceitar o novo e é difícil ceder. Por mais que se goste da pessoa e que se queira estar com ela, às vezes isso não é suficiente. Às vezes existem outras coisas na nossa vida que importam tanto, mas tanto, que só nos damos conta que não conseguimos renunciar a elas quando somos obrigados a isso. E que o amor daquela pessoa tão desejada talvez não seja suficiente para compensar a dor de tudo que se abdicou. Talvez o “custo de oportunidade” (para usar o jargão dos economistas) seja alto demais e lá no fundo não se esteja verdadeiramente disposto a pagá-lo. Nesse caso, não adianta bater a cabeça pensando em um modo de ficar com a pessoa sem pagar o custo de oportunidade. É o que eu vejo os casais tentando fazer no programa. Eles querem achar um modo de estar com a pessoa sem pagar o custo de oportunidade, sem abrir mão de nada, e quando não conseguem se frustram. Grande erro. Ao fazer isso, ao insistir em algo cujo custo é alto demais, somente nos maltratamos.
Outra lição é que nunca devemos fazer planos esperando que o outro mude para se encaixar neles. As pessoas nem sempre querem mudar e mesmo que queiram, nem sempre conseguem. Mais frustração.
Outro erro fenomenal e incrivelmente comum é que muitos casais aparentemente nunca conversaram sobre o que querem de fato da vida antes de decidir ficar juntos. Parece que a decisão de ficar juntos e a certeza de que “são feitos um para o outro” será suficiente para “que tudo se arranje”. Não. Por mais gostos em comum, por mais afinidade, por mais que se sintam bem e felizes juntos, às vezes as pessoas querem para si coisas diferentes, têm objetivos, metas e valores que não se conversam. Um quer viajar, outro quer comprar uma casa; um quer quatro filhos, outro não; um quer viver na cidade grande, outro num chalé nas montanhas; um quer um grande casamento, outro quer economizar; e por aí vai. De novo, mais possibilidades de que o custo de oportunidade seja alto demais. Se é um ou dois aspectos que se consegue negociar, ok. O problema é que geralmente são coisas grandes demais, são coisas que impactam fundo no modo como aquela pessoa escolheu viver a vida, é a filosofia de vida que ela escolheu para si que está em jogo. E eu acredito sinceramente que mesmo em culturas muito diferentes é possível encontrar pessoas que pensem como nós e que tenham os mesmos valores e metas, formando o “match” perfeito, seja entre amigos ou entre casais românticos. Daí, o processo de incorporar novas coisas e uma nova cultura, é enriquecedor, divertido, leve e extraordinário. Só que se as crenças principais forem diametralmente opostas, o processo de ceder e incorporar talvez seja desgastante demais ou mesmo impossível.
Em alguns casos, apenas aceitar que se viveu uma história incrível e arrebatadora, mas que é melhor que termine é o melhor caminho. Existem muitas pessoas no mundo, a vida está sempre pronta para nos surpreender, basta que tenhamos coragem suficiente para seguir em frente e tudo ficará bem.
Nem tudo é frustração claro. Todas as pessoas que cruzam nossas vidas, das mais diferentes formas, tem o potencial de nos ensinar alguma coisa desde que estejamos suficientemente abertos para isso. Apenas penso que deveríamos ser menos utópicos.

sábado, 20 de outubro de 2018

Resenha do livro Menos é Mais - Francine Jay


"E se eu lhe dissesse que ter menos coisas pode fazer de você uma pessoa mais feliz?"
É com essa pergunta simples que Francine Jay inicia seu livro “Menos é Mais”.
Nesse livro a autora explica sua filosofia de vida minimalista, ensina diversas técnicas para organizar nossos objetos, separar as tralhas, refletir sobre a real necessidade de possuir tudo o que possuímos e propõe exercícios para “nos tirar da zona de conforto”.
Como foi bom descobrir que o que eu penso e sinto em relação às coisas é compartilhado por outras pessoas! Muitas vezes me perguntei em silêncio em relação às minhas próprias coisas ou às coisas de outras pessoas “Por que tanta tralha?!” Fui tachada de excessivamente prática e de mão de vaca ao extremo muitas vezes. Uma das frases do livro, no entanto, traduziu bem o que eu sempre senti ao não me apegar a objetos de fases da vida que já passaram ou a objetos que não são úteis e nada acrescentam à minha vida (além de ocupar espaço, juntar pó e representar dinheiro desperdiçado): “Cada coisa excessiva que você elimina da sua vida parece um peso tirado das suas costas. Você terá menos tarefas e menos compras a fazer, pagar, limpar, manter e cuidar”.
Como economista, acredito que sempre me esforço para ser bastante racional nas minhas decisões de consumo, torço para que as pessoas ao meu redor consigam também ser racionais e lamento quando não parecem ser. Ultimamente ainda tenho pensado mais no impacto que meu consumo tem sobre o meio ambiente. A autora nos faz refletir também sobre esse ponto: “Achamos que temos o direito de sustentar nosso estilo de vida consumista a qualquer custo e quase não pensamos nos efeitos disso sobre o meio ambiente”.
O livro foi uma grata surpresa e recomendo sua leitura, além da aplicação do desapego e da reflexão sobre o que realmente importa dentre as coisas que possuímos. Vale ao menos pensar a respeito.

Livro: Menos é Mais Um guia minimalista para organizar e simplificar sua vida
Autor: Francine Jay
Número de páginas: 216
Página do livro no site da Companhia das Letras: https://www.companhiadasletras.com.br/detalhe.php?codigo=88183

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Pequeno manual sobre como superar relacionamentos

Adoro escrever sobre tudo, mas especialmente sobre sentimentos. Depois de ter vivenciado experiências mais e menos traumáticas, me sinto capaz de escrever um pouco sobre isso. Não por ter encontrado uma fórmula infalível, mas porque acho que sei algumas pequenas coisas que tornam mais fácil percorrer o caminho. Talvez seja um texto para mim mesma no futuro...
Não há uma receita mágica para superar alguém que, mesmo vivo, simplesmente se foi e de um dia para outro não faz mais parte da nossa vida. Vai doer, vai te deixar triste, vai ser sofrido, vai ter saudade, choro, raiva, arrependimentos, busca por uma explicação... Sim, o sofrimento é inevitável e a melhor forma de passar por ele e superá-lo é aceitar que ele estará presente por algum tempo. Mas vai ter alegrias também! Vai sim! A tristeza sem fim vai sendo, de pouquinho em pouquinho, permeada por alguns momentinhos de alegria redescoberta.
Bem, vamos ao que acho que precisa ser feito:
Chorar, quando a tristeza e a saudade baterem e o coração estiver apertado, chorar é libertador.
Ocupar a cabeça. Parece óbvio (e é!). Minha maneira é ocupando o tempo com livros e séries. Assistir How I Met Your Mother depois de um término doloroso foi a melhor coisa que eu poderia ter feito! Não apenas pelas horas de diversão, mas porque ela trouxe lições especiais sobre relacionamentos, mostrou uma longa busca pela pessoa certa. Faz a gente ter fé novamente de que existe uma pessoa que pode nos fazer feliz quando tudo que conseguimos pensar é que nós somos exceção e nunca encontraremos ninguém. Mostrou também que existem muitas pessoas que passam por nossas vidas, preenchendo ela em algum momento e depois partindo. A vida é um eterno recomeço!
Vale tentar outras séries também. O importante é ter uma série companheira na fase difícil.
Olhar todas as fotos dos dias felizes do relacionamento. Não apague, não queime, não jogue fora, não rasgue. Aqueles momentos fizeram parte da nossa vida e destruir essas memórias materiais não apagará esses momentos. Olhar todas, lembrar dos momentos em que foram tiradas, da alegria sentida, sentir-se vivo e grato por aqueles momentos e guardar. Guardar em um canto que não seja visto com freqüência, uma pasta esquecida em um HD ou uma caixa escondida no fundo do armário. Em um momento de saudosismo depois que a dor tiver passado ou em um futuro muito distante, talvez se queira ter essa lembrança. O calor da raiva, das lágrimas e da melancolia não é um bom conselheiro sobre o que fazer com essas recordações.
Fazer exercício físico. Principalmente quando não se está acostumado. Acredite, dor física ameniza a dor mental e espiritual. Ou ao menos deixa a pessoa suficientemente exausta para não pensar muito em outros problemas.
Ouvir música. Outra dica óbvia. Vai fazer pensar mais e mais na história toda, mas isso é inevitável. Música faz bem para a alma e ela é extremamente necessária, principalmente em momentos de tristeza. Vale repetir um milhão de vezes a mesma música. Eu acho que “Last Kiss” do Pearl Jam precisa ser ouvida e sentida, é a música mais triste que já ouvi e tem tudo a ver com esse momento, mas é uma música lindíssima!
Aceitar que nunca será a mesma coisa e que aquele tempo não volta. Fazer isso é o ápice do sofrimento, causa mesmo uma dor física, pensar que nunca mais se terá aqueles momentos de novo. Não há como evitar. Pode demorar mais ou menos. A dor vai vir e a tarefa é expulsar o pensamento duro, ter esperança de que aos pouquinhos, bem aos pouquinhos, será menos e menos recorrente e menos e menos sofrido.
Não esperar que finalmente chegue o dia em que será possível lembrar-se de tudo sem sentir nada, sem bater nenhuma pontinha de tristeza ou pelo menos sem bater nenhuma pontinha de algum sentimento. Não seríamos humanos se isso fosse possível. O lado bom é que sim, chegará o dia em que será apenas uma lembrança (boa ou ruim) de um tempo distante.
Seguir em frente. Fazer “das tripas coração” e seguir em frente com toda a dor e toda a vontade de ficar na cama com um travesseiro fofo. Dureza eu sei. Mas a vida segue e não espera por ninguém. Especialmente, não evitar situações de alegria. Será ótimo perceber que existem momentos bons, mesmo sem aquela pessoa.
Entender que aquela pessoa tinha que fazer parte do nosso caminho, por algum motivo. Não amaldiçoar o momento que ela cruzou nosso caminho, mas ser grato por ele, talvez tenha propiciado um resgate necessário, talvez tenha nos ensinado uma lição ou talvez nós é que tenhamos ajudado aquela pessoa.
Não sair por aí desesperado “catando” outra pessoa. Não se substitui alguém que foi especial dessa maneira. Aliás, não haverá substituição. Nunca. Haverá apenas um recomeço em algum momento, mesmo que seja um recomeço solitário. No momento certo, quando menos se esperar. A reconquista da paz interior após a perda de uma pessoa amada é um caminho solitário, precisa ser trilhado apenas consigo mesmo.
Por último, se sentir novamente bem consigo mesmo, deixar a paz e a felicidade ir surgindo aos pouquinhos e saber que toda aquela dor e sofrimento será, em algum momento, substituída por uma imensa felicidade e que tudo foi como tinha que ser. Acredite.

quinta-feira, 18 de outubro de 2018

Pessoas certas x pessoas erradas

Tenho muitas teorias sobre diversos aspectos da vida. Especialmente sobre relacionamentos.
Hoje quero escrever sobre mais uma dessas teorias…
Tenho certeza que todo mundo já ouviu aquela frase aparentemente mágica que diz que “quando você encontrar a pessoa certa, você vai entender porque nunca deu certo com ninguém antes”. Aparentemente, o suprassumo do consolo para relacionamentos que não deram certo. Usada como refrigério para foras, para relacionamentos que terminaram, para pessoas que nem se interessaram por nós, para tudo.
Eu penso que é a maior balela que eu já ouvi.
Eu acredito que muitas pessoas passam pelas nossas vidas. Elas vêm e trilham uma parte do caminho conosco, nos ensinam algo, nos tornam melhores, nos fazem felizes ou não tão felizes por um tempo mais ou menos longo. Com essas pessoas aprendemos, crescemos e amadurecemos. Quebramos a cara algumas vezes e com isso sofremos, mas o sofrimento nunca é eterno. Às vezes não é que as pessoas são as “pessoas erradas”. Elas simplesmente não são definitivas. Elas são as pessoas certas por um período de tempo variável.
Eu não preciso encontrar a pessoa certa, nem sei se estou pronta para a pessoa certa, nem sequer sei se ela de fato existe. Eu só quero ter a maravilhosa chance de encontrar e conhecer pessoas que me ensinem algo, que me divirtam, que me façam rir, que se preocupem comigo e passem algum tempo comigo. Não precisa ser a “certa”. Pode ser a “errada”. Talvez a “errada” me ensine lições que somente ela poderia ensinar ou talvez com ela eu viva coisas que somente com ela poderia viver.
Agora, se a gente (e eu sou totalmente uma dessas pessoas) nem tem a oportunidade de sentar e bater um papo com essas pessoas “erradas” que cruzam o nosso caminho, a vida se torna muito mais dura. Porque não aprendemos o que essas pessoas poderiam nos ensinar e não partilhamos momentos com elas.
Escrevo isso porque gosto de conhecer pessoas. Não sou muito sociável e tenho dificuldades para fazer amigos, mas gosto pacas de trocar ideias e de deixar a vida me surpreender com as situações e as pessoas que ela coloca no meu caminho. E o que mais encontro são portas fechadas, gente não muito disposta a se abrir, a partilhar uma ínfima parte da sua vida com outras pessoas. Muitas vezes parece ser por falta de interesse, outras por falta de tempo, outras por medo de parecer ridículo. Ou então vejo pessoas obcecadas pela ideia de encontrar a tal pessoa “certa” e apenas a pessoa “certa”. Pessoas que pensam “se não for a ‘certa’, nem quero, não vou perder meu tempo”. Não sei. Não entendo nada disso. Me parece que é um desperdício de oportunidades de ser feliz.
O que eu sei é que não é a pessoa “certa” que me fará entender porque não deu certo antes. São as pessoas “erradas” que me ensinarão novas formas de percorrer a vida e farão de mim uma pessoa melhor para se - se e não quando, note bem - a dita pessoa “certa” aparecer. É o tempo passado com as tais “pessoas erradas” e até mesmo as desilusões que elas causarem que darão graça a vida, que construirão a minha história. São os erros e acertos, os tropeços, as coisas que se aprendem com as pessoas “erradas” que farão um dia eu estar pronta para a pessoa “certa” se ela surgir.
Então, vamos parar de pedir para encontrar a pessoa certa ou pedir que determinada pessoa seja a pessoa certa. Vamos apenas nos divertir com o caminho!
E vamos parar de nos consolar com frases como aquela do início do texto. Vamos entender que não é a pessoa certa que vai curar as nossas feridas, isso é algo que precisamos aprender a fazer nós mesmos.