quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Retrospectiva 2018




Mais um ano começa, mais um ano termina...
Acho que 2018 foi um ano de descobrir que eu posso fazer qualquer coisa que eu me proponha a fazer e que eu tenho coragem suficiente para fazer o que quer que eu queira, sejam grandes ou pequenas coisas. Seja uma viagem sozinha para longe de casa, seja dar um “oi” para alguém com quem tenho vontade de conversar.
Nunca me senti tão independente e tão firme no meu propósito de vida de descobrir tudo que esse mundo incrível tem para nos oferecer. Com a certeza de que a vida costuma ser bem generosa e coloca bons lugares, boas pessoas e bons momentos no nosso caminho.
2018 foi um ano de me tornar mais forte, de me conhecer melhor, de saber as minhas fraquezas inclusive, de entender quais são os meus sonhos, as minhas prioridades e a minha filosofia de vida. Saber o que eu quero e o que eu não quero da vida, o que serve e o que não serve. Também foi um período de espera, de amadurecer planos e sonhos, de entender o impacto que as minhas decisões têm sobre a minha vida e de me reconciliar com as consequências dessas decisões. Uma grande preparação para o que quer que esteja por vir.
Que 2019 venha com mais aventuras, com boas surpresas e que seja um caminho cheio de luz e de graça...

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Você já levou um fora?



Daqueles bem dolorosos de chorar como se não houvesse amanhã abraçado em um travesseiro fofo?
Espero sinceramente que a resposta seja sim.
Apesar dos incontáveis foras anteriores, me perguntava se chegaria a me importar verdadeiramente com um fora de novo ou se já estaria anestesiada demais para mais do que um dar de ombros.
Até que o dia chegou e ele veio com toda a dor que só um coração partido pode proporcionar a seu dono.
E eu agarrei meu travesseiro fofo e chorei até que não existissem mais lágrimas para serem derrubadas, sentindo toda aquela dor que parecia que não iria terminar nunca e murmurando “por favor, por favor, pare de doer…”.
Porque na hora parece que a dor não terá fim e só conseguimos pensar no quanto dói e no quanto queremos que pare de doer. E enquanto eu estava ali, chorando com todo meu sentimento e quase implorando para que eu conseguisse não sentir mais tanta dor, eu percebi que a dor é inevitável e que a sentiremos em toda sua intensidade pelo tempo que ela tiver que durar. Por mais que se peça para a vida, Deus, o universo ou o que quer em que se acredite, ela não passará enquanto não tiver que passar. Só o que resta é sentar e sentir com toda a intensidade, com a certeza de que por maior que ela seja no momento, ela vai passar e será só uma lembrança, como qualquer outra na vida.
É muito duro o momento em que descobrimos que alguém não nos quer ou não nos quer mais (abrindo um parênteses, até acho que o primeiro caso é o pior porque nunca teremos a alegria de ter a pessoa de nosso apreço nos braços, não teremos nenhum tempo feliz com ela para relembrar porque ela simplesmente nunca sentiu o mesmo que nós. Quando é alguém que não nos quer mais, não nos quer no presente e talvez no futuro, pelo menos temos um passado inteiro de memórias que ajudaram a fazer de nós quem somos). É duro porque nos importamos. Porque somos humanos. Porque sentimos. Seria uma pena se não fosse assim. Ficar triste porque alguém por quem nutrimos bons sentimentos não nos quer do mesmo jeito, faz de nós mais humanos. E foi assim que me senti aquele dia em meio a toda aquela tristeza, eu sabia que eu era apenas humana e não estava imune a sentimentos, havia um coração pulsando em meu peito. Enfim, uma pequena alegria.
Às vezes buscamos uma explicação para o dito fora. Por que? Por que a pessoa não nos quer? O que fizemos ou deixamos de fazer? Por que ela fez ou disse isso ou aquilo? Por que tivemos esperança? Acho que essa é a parte do sofrimento que devemos pular porque só serve para nos maltratar, nunca teremos de fato uma resposta. Não adianta tentar buscar a racionalidade em algo que por si só não é racional. Me conformo com a explicação “porque a pessoa quis”. Ela quis agir assim e não há nada de errado com isso. Por mais que nos machuque, não controlamos o que as outras pessoas fazem (às vezes nem mesmo elas têm ideia da magnitude de suas próprias ações).
Também acredito que não adianta culpar a outra pessoa pela dor que sentimos. Ela não é culpada. Os sentimentos são nossos. De novo, talvez ela nem soubesse da magnitude deles ou não queira ou não possa retribuir. A não ser que a pessoa tenha mentido e enganado deliberadamente, não há nada de errado com a pessoa somente porque ela não nos quis, ela simplesmente não nos quis. Vamos repetir isso para nós mesmos algumas vezes e seguir em frente. A vida segue e toda aquela dor que sentimos abraçados com um travesseiro fofo vai passar. Eu não sei quando, eu só sei que vai. E eu, pelo menos, terei a certeza de que fui honesta com meus sentimentos e pensamentos e corajosa o suficiente para revelar o que eu sentia. Eu arrisquei. E em algum momento - sem nenhum esforço especial nosso - a vida virará a página e novas histórias virão.

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Algumas perguntas sobre o que queremos



Vou contar uma história que aconteceu comigo há muito tempo. Apesar dos anos decorridos, ainda lembro porque uma simples frase ainda me faz refletir.
Eu estava em um ônibus viajando de volta para casa e falava ao celular com a minha mãe (tempo pré whatsapp). Eu havia passado os dias anteriores com meu namorado da época e com alguns amigos dele e contava como tinha sido. Não lembro exatamente o que eu contava, mas acho que tinha algo a ver com eu me sentir muito deslocada em meio aos muitos amigos do dito namorado: eu não sentia que compartilhava nada com eles, nem experiências, nem gostos, nem história de vida, nem faixa etária, não tinha nenhuma afinidade e não me sentia à vontade nas interações sociais com aquelas pessoas. Naquela época, eu era do tipo de pessoa que quando não vai muito com a cara de alguém, não faz muita questão de esconder - confesso que ainda sou assim, mas aprendi muito mais sobre tolerância e empatia nos últimos anos. Minha mãe me aconselhava dizendo que eu deveria ser mais paciente com as pessoas, especialmente com os amigos do meu namorado, afinal de contas, nas palavras dela: “talvez seja com essas pessoas que tu tenha que conviver pelo resto da tua vida”.
“Talvez seja com essas pessoas que tu tenha que conviver pelo resto da tua vida”.
Eu fiquei chocada. Horrorizada. Um nó na garganta, parecia que ia sufocar. Não queria acreditar no prognóstico que minha própria mãe estava traçando para mim.
Pára tudo! Como assim? Não é com essas pessoas que eu quero ter de conviver pelo resto da minha vida! Não é com essas pessoas que eu quero compartilhar quaisquer momentos que sejam! Seria um peso muito grande para mim. O resto da vida parecia um tempo muito grande para despender convivendo (ainda que fosse de tempos em tempos) com pessoas que eu não sentia afinidade e simplesmente não queria conviver.
Bom, o namoro terminou algum tempo depois e nunca mais vi nenhuma daquelas pessoas. Creio que tenha sido um alívio. Outros namoros e a convivência com outras pessoas vieram e a vida seguiu seu curso.
Até hoje, entretanto, aquela frase da minha mãe ecoa em mim. A vida é feita de escolhas, nem todas realizadas por nós mesmos, mas não me parece sensato escolher - deliberadamente - conviver com pessoas com quem não nos sentimos à vontade e não temos afinidade.
Ao nos relacionarmos com alguém, inevitavelmente estamos “adquirindo” um pacote de histórias, coisas, amigos e familiares que vêm com aquela pessoa. Gostamos do pacote? Ótimo! Não gostamos ou não nos encaixamos nele? Talvez seja uma boa ideia repensar se nosso lugar é ali mesmo. Mesmo quando a convivência com os membros do dito pacote é esporádica, ela talvez seja pesada demais para suportar. Além disso, a vida é cheia de surpresas e não sabemos se em algum momento, por mais improvável que pareça no presente, uma grande peça não nos será pregada nos obrigando a uma situação que não gostaríamos de vivenciar.
Agora sempre me pergunto se eu quero conviver com as pessoas que cercam as pessoas que escolhi para ter na minha vida. Não se escolhe apenas uma pessoa, pois ela nunca vem sozinha, sem passado, sem história. Se escolhe um “combo” completo. Tive posteriormente ótimas experiências nesse sentido que me fizeram aprender ainda mais e ter mais convicção do quanto isso tudo é importante.
Sejamos justos. Aqueles amigos do ex-namorado com quem eu não tinha afinidade, nunca me trataram mal, nunca me fizeram ou disseram nada, sempre me aceitaram numa boa. Eu é que sentia total falta de sintonia e isso já era o suficiente naquele caso. Todavia, acho que também tem o outro lado: o ser aceito. Outra pergunta importante: sou verdadeiramente aceito(a) aqui? Minha presença é desejada ou apenas tolerada? Já somos obrigados a engolir tantos “sapos” na vida. Será que queremos estar em um lugar com pessoas que apenas nos toleram, mas que não desejam a nossa presença sinceramente? Eu acho que essa é uma escolha burra, o mundo é tão grande, tem tantos lugares, pessoas e situações com incríveis oportunidades para nos fazer feliz. Por que então escolher ser tolerado ao invés de querido?
Acho que no fim das contas esse texto é apenas eu, novamente, pregando o desapego de pessoas e situações que não nos fazem totalmente bem. Não estou dizendo para descartar qualquer pessoa de quem gostamos somente porque a família ou os amigos não nos aceitam muito bem ou porque não vamos muito com a cara deles. Estou apenas fazendo um convite à reflexão se é isso que queremos “para o resto das nossas vidas” ou ao menos por qualquer tempo longo o suficiente para parecer o resto da vida.

sábado, 3 de novembro de 2018

Sobre o tempo, dores e amores que vêm e que vão


É tão engraçado como as coisas passam na nossa vida. Algumas coisas, pessoas, situações e lugares fazem parte da nossa vida por um instante, às vezes por um tempo longo. Nos importamos, nos preocupamos, ficamos felizes ou tristes, mas alguns poucos anos depois, é apenas uma lembrança doce ou amarga (espero sinceramente que seja sempre uma lembrança doce, por mais amarga que tenha sido a experiência, saber ao menos que ela ficou para trás, já é doce o suficiente). Tudo é finito e mutável. Algum tempo depois, aquilo parece ser um passado muito distante.
Então vem outras coisas, pessoas, situações e lugares e a vida segue em frente, assumindo outra configuração. Novamente nos importamos, ficamos felizes ou tristes, vivemos e convivemos até iniciarmos outro ciclo.
E as coisas, pessoas, situações e lugares vêm e vão. O tempo se encarrega de levar e trazer tudo.
Escrevo isso, ainda sem saber muito bem aonde quero chegar, porque às vezes algo ou alguém que faz parte da nossa vida e que surgiu tão subitamente parece ser tão importante, vêm trazendo uma imensa alegria e quando chega o tempo daquilo não fazer mais parte da nossa vida, ficamos tristes e frustrados, Aquela dor parece que não vai ter fim. Não conseguimos imaginar a vida com outra configuração. Queremos a manutenção do status quo.
E de repente a vida paulatinamente muda e quando percebemos, aquela coisa, pessoa, situação ou lugar está somente lá em um cantinho da memória. Não faz mais parte da vida cotidiana. Se for um amor, aquele amor, realizado ou não, já teve o seu momento e passou, como uma brisa. A dor que eventualmente deixou, também passou e já está quase esquecida.
Acho que o que eu quero dizer é que se tudo é tão efêmero, não deveríamos nos preocupar tanto. Ao mesmo tempo, deveríamos aproveitar melhor cada situação ou pessoa que a vida nos apresenta como uma grande oportunidade de aprendizado que talvez mais para frente não esteja disponível. Então, vamos nos abrir mais para cada uma dessas minúsculas oportunidades. Agora não sabemos, mas talvez no futuro elas ocupem um lugar especial na nossa memória. Ou talvez não ocupem nenhum. Algo bom e que nos fez feliz ocupará com certeza um lugar em nossos corações, mas algo pelo qual sofremos talvez nem sequer vá ser lembrado.
E um dia talvez a gente reencontre, pelas estradas da vida, alguém que fez parte da nossa caminhada em outros tempos. Nesse caso, tomara que apenas as boas lembranças tenham permanecido e que tenhamos um saudável saudosismo pelo passado.

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

6 Séries não tão famosas que vale a pena assistir


Às vezes é legal se deixar surpreender por séries que não são aquela sensação de público, mas que são um excelente passatempo ou que geram reflexões interessantes. Listo agora 6 séries que me deixaram muito feliz de assistir e que eu acredito que merecem uma chance.

O Tempo entre Costuras
Estréia: 2013
Número de temporadas: 1 (11 episódios)
Uma série espanhola sobre Sira Quiroga, uma costureira espanhola que se muda para o Marrocos atrás de um grande amor. Lá ela precisa se reinventar em uma cultura diferente e acaba virando uma espiã em meio à guerra. Interessantíssima! É o tipo de história que te dá vontade de viver uma vida de espionagem cheia de aventuras! Além dos belíssimos cenários marroquinos, espanhóis e portugueses que são mostrados na série, Sira desfila lindos vestidos de encher os olhos mesmo dos menos afeitos à moda.

Please Like Me
Estréia: 2013
Número de temporadas: 4 (32 episódios)
Série australiana de episódios curtos que mostra a vida de Josh, um rapaz com dificuldade para se encontrar cuja vida muda bastante ao descobrir que é gay e que a mãe dele tentou se matar. É uma série despretensiosa, que trabalha temas muito profundos como homossexualidade, depressão, suicídio, morte e relacionamentos de modo leve, simples, divertido e surpreendentemente adulto. Sem alarde, sem sensacionalismo.

O Truque da Estrada
Estréia: 2017
Número de temporadas: 1 (10 episódios)
A série acompanha o ilusionista americano Adam em uma viagem pela Europa, fazendo mágica e interagindo com as pessoas que ele encontra pelo caminho de modo extremamente positivo. Além de conhecer belas cidades européias, vemos o engraçado e desajeitado Adam surpreendendo pessoas com sua mágica. Uma série sobre viagens e sobre pessoas que cruzam nosso caminho. Acho que conseguiram unir dois dos meus temas favoritos aqui.

Big Little Lies
Estréia: 2017
Número de temporadas: 1 (7 episódios)
Outra série com reflexões profundas muito bem construída. Bullying, violência doméstica e vida em comunidade são alguns dos temas presentes. O pano de fundo? Um assassinato em que a identidade de assassino e vítima são desconhecidas do público. Além disso, temos a Reese Whiterspoon, a Nicole Kidman e a Shailene Woodley (que eu nem conhecia antes) dando um show de interpretação.

Mr. Selfridge
Estréia: 2013
Número de temporadas: 4 (40 episódios)
A série britânica que mostra a vida de Harry Selfridge, fundador da famosa loja de departamentos Selfridges. Acompanhamos a vida e os dramas da família Selfridge, dos funcionários e da loja, que parece ter vida própria. É uma série sobre empreendedorismo em uma época e lugar maravilhosa: Londres no início dos anos 1900. A série dá alguns saltos temporais entre as temporadas de modo que podemos acompanhar o amadurecimento dos personagens e a própria história da Europa, incluindo a primeira guerra mundial.

Ink Master
Estréia: 2012
Número de temporadas: 10 até o momento
Adoro tatuagens! Não tenho nenhuma, mas sou fascinada pela arte na pele. Isto quando a arte é verdadeiramente bonita e no estilo “de cair o queixo”. Aprendi bastante sobre toda a técnica por trás de tatuar apenas de assistir esse reality show apresentado por Dave Navarro. Belos desenhos e muita, muita técnica estão presentes no trabalho dos competidores (enquanto alguns deles parecem estar ali apenas para cometer erros). Arte em uma ótima forma! Além de discussões e desafios desconcertantes típicos de reality show. É um dos pouquíssimos programas que curto assistir mesmo os episódios que já vi. Se você gosta de tatuagem, assistir Ink Master vai levar o seu gosto a outro nível e se não gosta, bem, vai aprender a apreciar, pois é impossível ficar indiferente.

sábado, 27 de outubro de 2018

Mas tu viaja sozinha?



Essa é a pergunta que mais ouço sobre viagens. Conhecidos me perguntam isso, colegas me perguntam isso, vizinhos me perguntam isso, até o motorista do Uber me levando para o aeroporto me pergunta isso, todo mundo me pergunta isso.
Minto.
Brasileiros me perguntam isso. Apenas.
Estrangeiros dos quatro cantos do mundo não me perguntam isso. Oficiais na imigração de diferentes países não me perguntam isso. Pessoas que cruzam meu caminho em viagens não me perguntam isso.
Por que é tão difícil entender e aceitar uma mulher viajando sozinha para qualquer lugar? Se é que tem a ver com o fato de ser mulher. Um ser humano viajando sozinho já seria motivo de estranhamento suficiente? Sou apenas independente. Tenho vontade de viajar, viajo. Não espero ou preciso de ninguém a tiracolo para realizar minha vontade. Não dependo de ninguém. Sigo em frente, arrastando malas ou mochilas pelas ruas, por aeroportos, pegando trem, metrô, avião. Me hospedo em hostel (como assim, dividir quarto com outras pessoas?!), dou preferência ao transporte público (por questão de economia e de convicção), durmo em aeroportos quando necessário, decido meus próprios roteiros, sonho em conhecer países exóticos, peço para estranhos tiraram algumas fotos minhas… Sozinha. Por que não sozinha? Não sei qual a dificuldade, qual a estranheza. Com o absurdo acesso à informação que temos hoje em dia, não há dificuldade nenhuma em planejar uma viagem sozinha. Dá trabalho, toma tempo, exige responsabilidade saber que se estará sozinha em um lugar estranho, muito longe de casa, mas não é uma tarefa tão árdua assim, não cai pedaço, não traumatiza ninguém. Precisa de um pouco de coragem? Precisa, não vou negar. É solitário? É, um pouquinho sim. No entanto, nunca deixei de fazer nada em nenhuma viagem por estar sozinha, não deixei de conhecer nada que gostaria por estar sozinha. Se fiz ou não fiz algumas coisas, foi por questão de economia ou por medida de segurança que seriam exatamente as mesmas se estivesse acompanhada.
Quando me dei conta de como as pessoas me perguntam isso e comecei a pensar a respeito, percebi que são apenas conterrâneos que tem esse estranhamento. Por quê? Não tenho uma resposta. Seria algum aspecto cultural brasileiro desconhecido por mim que leva as pessoas a questionarem isso? Se alguém souber, por favor me diga. Será que a insegurança de nosso país faz as pessoas acharem assustador demais a ideia de estar sozinho em outro lugar? Será que sou eu que não me ajusto muito bem ao modo de pensar brasileiro? Bom, isso já percebi que é verdade.
Pois bem, só queria gerar a reflexão: “Por que não sozinha? Por que não? Por que se impedir de fazer alguma coisa?” Um tapinha leve na cara da sociedade. Uma pequena vontade de alfinetar a zona de conforto brasileira. Afinal de contas, viajar é exatamente isso e é libertador demais fazer sozinha, só você e o mundo.

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Por que Game of Thrones é a melhor série de todas?


Porque sim!
Demorei muito para começar a assistir Game of Thrones. Anos. Já tinha ouvido falar claro e casualmente assistido uma cena ou outra na troca de canais na tv a cabo, mas nunca havia me interessado por assistir de fato essa série. Não ia muito com a cara da Emilia Clarke e achava muito forçado “esse negócio de dragões”. Ainda, me parecia que era muito violenta para o meu gosto, acostumada com séries do tipo “sitcom”.
Até que ouvi tanto da fama de GOT como é chamada pelos fãs e de como a série é bem produzida que comecei sem nenhuma pretensão.
E me apaixonei.
Respondendo a pergunta “por que Game of Thrones é a melhor série?” eu costumo dizer que é porque é uma série completa. Embora seja uma série de fantasia, acho que ela consegue reunir com maestria aspectos de diferentes gêneros. Todos os elementos que nos levam a assistir isso ou aquilo estão ali, muito bem colocados. Há política. E acho que principalmente política. Há fantasia. Há guerras. Há batalhas. Há aventura. Há romance. Há putaria. Há um pouco de humor. Há um toque de terror. No meio disso tudo, há personagens extremamente complexos e bem construídos, com motivações, personalidade, pontos fortes e fracos, lutando pela sobrevivência e pelos seus interesses na disputa pelo trono de ferro de Westeros. Há belos cenários que compõem o mundo ficcional criado por George Martin. E há dragões.
Qualquer público pode ser agradado com tudo isso, mas não é somente isso. Temos o grande e fundamental detalhe de que “todo mundo morre em Game of Thrones”. Personagens amados e odiados, protagonistas e coadjuvantes, ninguém parece escapar da possibilidade de perder a cabeça (ou ter uma morte ainda pior) em Westeros. Aquele personagem que achamos que é fundamental para a continuidade da história, repentinamente é tirado do jogo por uma morte precoce desconcertando os fãs que atônitos não sabem como a história continuará a partir dali. No entanto, ela continua e ainda por cima parece ficar melhor. É importante avisar antes que você comece a assistir: não se apegue muito a nenhum dos personagens, pois há uma grande chance de que ele morra de uma forma bastante cruel muito em breve. Afinal, “quando você joga o jogo dos tronos, ou você vence ou você morre”. Não sei explicar porquê, mas a forma como a história continua, independente de alguns personagens queridos não estarem mais entre nós torna a série maior que seus personagens. Não é aquele tipo de série que existe somente porque esse ou aquele personagem, brilhantemente interpretado por um grande ator ou atriz, está lá.
Claro que há excelentes atores e atrizes. E a Emilia Clarke com quem eu nem simpatizava muito (como assim “mãe de dragões”?) é uma delas. Uma personagem forte e cativante, com um grande senso de justiça, muito bem interpretada por uma ótima atriz. Entretanto, a história se sobrepõe aos excelentes atores e atrizes e acontece independente deste ou daquele.
Após terminar as 7 temporadas atualmente disponíveis (em apenas um mês), fui para os livros. Devorei os 5 publicados até o momento com grande curiosidade, movida principalmente pelo fato da história na série ter ido além da história dos livros. Sim, a série foi além dos fatos narrados nos livros e tomou um rumo diferente em diversos momentos. Os livros valem a pena serem lidos, são ótimos e apesar de terem 600 ou 800 páginas, são uma leitura rápida. No entanto, é um daqueles raros casos - o único que eu conheço na verdade - em que a série consegue superar o livro. As cenas de batalha e as paisagens são tão bem trabalhadas na série e um pouco difíceis de imaginar nos livros. Assim, embora recomende a leitura também (sobretudo para os que gostam do gênero de fantasia), você pode passar muito bem apenas com a série.
Alguns personagens que morreram há muito na série ainda estão vivos nos livros e alguns outros personagens muito importantes existem apenas nos livros. Embora tenha um pouco de medo de que no final da próxima e última temporada alguns dos personagens queridos que restaram e por quem torcemos tanto, tenham um final triste, torço para que a série e os livros tenham desfechos diferentes entre si. Assim, quem sabe, ainda poderei escrever uma resenha sobre “qual o melhor final de Game of Thrones” não é mesmo?

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Livros aleatórios que marcaram a minha vida


Listas! Adoro listas de todo tipo! De livros então, mais ainda! Como leitora voraz queria escrever a minha. Essa era para ser uma lista de “10 livros que marcaram a minha vida”, mas acabou que era impossível escolher apenas 10. Sem falar em algumas “menções honrosas”, livros de estilo semelhantes de algum modo a outros que marcaram muito e que também são boas sugestões de leitura.
Então, eis aqui um lista de alguns livros que realmente gostei muito. É difícil dizer de qual gosto mais, pois são de gêneros diferentes e a razão de gostar de cada um varia bastante. Segue também comentário de porque eu acredito que todo mundo deveria lê-los.
Os livros não seguem nenhuma ordem específica e classifiquei-os em categorias aleatórias.

Categoria: relatos de guerra
Relatos de guerra são uma das minhas temáticas favoritas para livros. Tanta emoção, aventura, história e reflexão juntas! Sei que um dos relatos mais famosos é o Diário de Anne Frank, que li e gostei, mas meu relato de guerra favorito é Nada de novo no front de Erich Maria Remarque. É sobre garotos que vão para o front durante a primeira guerra mundial e lá se tornam homens. Comovente até o osso.Também acho interessante por ser um relato sobre a primeira guerra mundial, enquanto a maioria dos livros desse estilo são sobre a segunda guerra. Alerta: leia se você estiver em uma “vibe” boa, pois é de chorar rios de lágrimas.
Menção honrosa para um livro não tão famoso chamado Inverno na manhã Uma jovem no gueto de Varsóvia de Janina Bauman. Título autoexplicativo. A escritora nos brinda com a reflexão de que “a luta mais árdua de todas é permanecer humano em condições desumanas”.

Categoria: romance policial
Meu gênero literário favorito por anos a fio. Desde que terminei de ler todos os romances policiais da Agatha Christie, não li muitos outros no entanto. Ela é minha escritora favorita e gosto de romances policiais antigos. Meu favorito até hoje é O caso dos dez negrinhos (parece que foi rebatizado de “E não sobrou nenhum” mais recentemente). No entanto, indico para que quer iniciar no gênero também O misterioso caso de Styles, história bem clássica no gênero policial, que eu classifico como “crime em família”. É o livro de estréia da Agatha Christie, apresenta o seu personagem mais famoso Hercule Poirot e o meu personagem da Agatha mais querido, o capitão Hastings.
Menção honrosa para Um estudo em vermelho de Sir Arthur Conan Doyle que apresenta ao mundo o famoso Sherlock Holmes. Livro desconcertante!

Categoria: livro espírita
Outro dos meus gêneros favoritos. Livros espíritas são lindos e viciantes. Ao começar um - especialmente se for um dos belíssimos livros da Zíbia Gasparetto - é quase impossível largar. Lembro de ter passado a adolescência lendo esses romances por horas a fio, esquecendo até de comer e dormir às vezes. As histórias são simples, mas envolventes, cheias de reviravoltas e de significado. Mostram o poder da vida e das nossas escolhas. São grandes lições. Mesmo quem não é espírita, deveria dar uma chance para esse tipo de romance. Qualquer livro da Zíbia é um bom livro e poderia figurar nessa lista, mas O matuto me marcou bastante por ser centrado em um personagem de personalidade forte cuja vida sofre uma grande mudança que ele não entende e não gosta inicialmente. Ele quer fazer as coisas do jeito dele e sofre, perdido, diante de alguns acontecimentos que se desenrolam independente da vontade dele. Aos poucos percebe como a vida está sempre certa e se reinventa da melhor maneira. Uma lição de vida!
Menção de honra para Violetas na janela da Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho. Best-seller responsável por me iniciar na literatura espírita aos dez anos de idade. O mais belo, singelo e cativante relato da vida no plano espiritual.

Categoria: crítica social
Livros fortes que te fazem refletir sobre a sociedade e o que ela pode vir a se tornar. Não é uma literatura para qualquer um, tem que ter uma postura crítica para gostar. George Orwell, um dos meus escritores favoritos, e seu 1984 é o livro perfeito. O livro, escrito em 1948 narrando uma sociedade distópica e totalitária, é extremamente atual. Muitos consideraram uma crítica a governos socialistas, mas é muito maior que isso, é uma crítica à sociedade e os rumos que ela está tomando. Mais do que uma simples ficção, é um livro político, com um desfecho que nos deixa parados sem conseguir acreditar, mas que não poderia ser diferente. Outros livros do Orwell são quase igualmente impactantes. A revolução dos bichos, a melhor fábula política já escrita, parece um livro muito adequado para o Brasil atual que leva política tão pouco a sério. O menos famoso O caminho para Wigan Pier publicado em 1937 narrando a vida e o trabalho nas minas de carvão do norte da Inglaterra é um livro sobre trabalho, estrutura social e miséria.
Viagens de Gulliver de Jonathan Swift não é uma leitura exatamente fácil, mas que não deveria ser deixada de lado. É sobre viagens, sobre aventura, é um livro de fantasia e fundamentalmente é um livro sobre os seres humanos e um tapa na cara da sociedade de qualquer tempo e lugar.

Categoria: livro infantil ou sobre a infância
Confesso que quando li O pequeno príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, pela primeira vez, há tantos anos que nem sei precisar quando, achei que era um livro infantil bem bobo. Não entendi porque as pessoas achavam tão fantástico e concluí que eu não devia ter entendido direito o livro e deixei de lado. Há poucos anos resolvi reler. Dessa vez acho que estava com o espírito mais leve e mais alegre, pois me encantei com a simplicidade do livro que teve uma perspectiva completamente nova para mim. Foi como se ele traduzisse várias ideias bacanas que povoavam minha mente, vários valores que começaram a despertar em mim mais recentemente, enfim, foi um outro olhar sobre a vida. Gratíssima surpresa!
Capitães de areia de Jorge Amado (outro dos meus autores favoritos) mostra um outro tipo de infância, de meninos pobres crescendo pelas ruas da Bahia. Mais brasileiro impossível. No mesmo estilo, menciono Os meninos da rua da praia, de Sérgio Capparelli, dessa vez sobre meninos jornaleiros no centro de Porto Alegre e a aventura deles com uma tartaruguinha perdida.

Categoria: livro místico
Li Há um anjo ao seu lado de Kelsey Tyler com a minha mãe há muitos anos. Lemos e relemos juntas as diversas histórias de pessoas que encontraram anjos em seu caminho. Não, não aquele anjo de auréola e asas, mas pessoas que surgiram em momentos cruciais auxiliando e desapareceram subitamente logo após. Mesmo que não se acredite na parte mística dos relatos, são bonitas histórias de pessoas enfrentando os desafios da vida. Esse livro nos marcou tanto que de tempos em tempos relembramos ainda algumas histórias, mesmo passada mais de uma década de sua leitura.

Categoria: livro sobre o significado da ternura
O meu pé de laranja lima de José Mauro de Vasconcelos não poderia figurar em uma categoria diferente de “livro sobre o significado da ternura”. Não, não é um livro infantil sobre um garotinho que tem um pé de laranja lima no quintal de casa. Essa é somente a descrição de quem não entende nada de livro e muito menos de ternura. Chorei, chorei tanto com esse livro! Ao ler, não esqueça de conferir a consagrada dedicatória, tão importante quanto o livro.
Menção honrosa para o mais atual Extraordinário de R. J. Palacio. E não, não vale assistir o filme ao invés de ler o livro! Não é apenas um livro sobre o bullying, é um livro sobre ser terno. Ou, como o personagem principal, o garotinho Auggie Pullman, descobre, é um livro sobre a escolha entre estar certo e ser gentil e que escolher ser gentil é sempre uma opção melhor e mais generosa.

Categoria: vida prática e minimalismo
Não vou escrever muito sobre Menos é mais de Francine Jay, pois já escrevi uma resenha inteira sobre ele aqui. Também os livros da Marie Kondo, A mágica da arrumação e Isso me trás alegria com a singela teoria de que devemos manter nas nossas vidas apenas aquilo que nos trás alegria.

Categoria: empoderamento feminino
Não, não me considero feminista. No entanto, acho que muito aprendemos com exemplos e trago nessa categoria livros sobre mulheres admiráveis. Eu sou Malala, de Malala Yousafzai, é um livro sobre mulheres no Paquistão, é um livro sobre educação, é um livro sobre empoderamento, é um livro sobre terrorismo e repressão. Poderia ser mais completo que isso?
Mulheres que mudaram o mundo, de Gabriel Chalita, merece uma grande menção. A vida e história de mulheres a frente de seu tempo que venceram preconceitos com classe, trabalho duro e sem alarde, conquistando seu espaço com seu próprio esforço e mérito.
Menção honrosa para Depois daquela viagem de Valéria Piassa Polizzi. É a história de uma garota, a própria Valéria, que aos 16 anos contrai o vírus da AIDS. Mais um livro sobre se reinventar e construir a melhor história com aquilo que a vida nos dá.

Categoria: livros sobre a vida como ela é
Possivelmente o livro que mais marcou a minha vida é Vivendo, amando e aprendendo de Leo Buscaglia. 15 anos depois da única vez que li esse livro e ainda lembro de várias passagens. Leo Buscaglia era professor de um curso de “Amor” em uma universidade americana. Sim, um curso intitulado “Amor”. No livro ele explica bastante sobre suas aulas nesse inusitado curso e também sobre a vida e as pessoas, além de fazer várias reflexões sobre educação. Fala sério, você não ia querer saber o que um professor de “amor” tem a dizer? O livro é como se o autor conversasse conosco. A mim ensinou uma forma singela e doce de ver a vida.
Se eu tivesse que escolher apenas um livro para reler pelo resto da minha vida, muito provavelmente seria esse. Preciso dizer mais?

Quais livros marcaram a sua vida? Você já parou para pensar a respeito?

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

O que você diria para a última pessoa que machucou o seu coração?


A última pessoa que machucou de verdade o meu coração, machucou por algo que ela disse. Uma simples frase, dita em uma noite qualquer: “Eu já tirei muitas pessoas da minha vida, mas eu nunca vou te tirar dela.” Na hora não parecia algo dito sem pensar, parecia fruto de uma reflexão e me deixou feliz. Só machucou algum tempo depois, quando de fato a pessoa me tirou da vida dela.
O que eu diria para essa pessoa inconsequente?
Eu diria:
“Obrigada por ter me tirado da sua vida. Obrigada de todo o coração por permitir que eu continuasse o meu caminho sem você, que eu seguisse em frente buscando algo que me fizesse melhor. Você ter me tirado da sua vida me fez crescer muito, me fez perceber muitas coisas. Algumas dessas coisas foi você que me mostrou inclusive, mas eu só poderia aprender a lição sozinha. Espero que sua busca pela felicidade também seja mais frutífera sem mim. Você trilhou uma ínfima parte do caminho comigo e quando chegou o momento, partiu. Assim é a vida. Nada é definitivo. Se você não tivesse me tirado da sua vida, eu não poderia voar tão alto.”
Talvez a pessoa para quem eu escrevo o trecho acima nunca leia isso. Se ler, talvez não sequer se reconheça na minha história. Não importa. A sensação de deixar ir é libertadora.
E você, o que você diria para a última pessoa que machucou o seu coração?

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Cadê a intuição?!



Tenho muitas histórias para contar. Dos livros que li, dos lugares por onde passei, das coisas que aprendi... Mas tem uma história que eu nunca tive. Admiro muito as pessoas que dizem tê-la e queria saber se são realmente verdadeiras.
Sabe aquele momento da vida em que você percebe que está em uma encruzilhada e de repente tem uma espécie de inspiração, escuta uma voz interior ou tem uma intuição sobre o que fazer? São muitos os nomes: inspiração, luz no fim do túnel, voz interior, premonição, intuição, instinto, e por aí vai. Não importa o nome que se dê, é um sentimento misterioso que surge, uma vozinha que lá nos fundo nos diz sobre como proceder. Pois é. Nunca tive isso. Nunca senti nada nem remotamente parecido.
Nas poucas decisões realmente decisivas da minha vida (com o perdão do trocadilho) não tive nenhum sentimento ou emoção especial que me indicasse o caminho a seguir. As decisões sempre foram tomadas pura e simplesmente usando a razão. O que é mais lógico, inteligente ou óbvio fazer? Pá. Decisão tomada. Acho que no fim das contas sempre foram resoluções acertadas. Não que se pudesse voltar no tempo e fazer diferente eu não mudaria nadica de nada. Só acho que foram as decisões mais corretas possíveis diante da situação e com a informação e maturidade que eu tinha. De novo, foram as decisões mais racionais. Uma lógica matemática não seria mais precisa que isso. Aliás, parando agora para pensar, sempre foi tudo muito bem calculado, cenários construídos, tentativas de prever os erros e problemas do futuro, tudo friamente calculado como diria o Chapolin. Nenhum calor, nenhum ímpeto, nenhuma emoção, nenhum movimento não premeditado. Não que eu seja calculista o tempo todo. Quem já me viu brava por exemplo sabe o quanto eu falo coisas sem pensar, o quanto sou emotiva e impetuosa. Na hora de dar passos importantes no entanto, entra em ação a cautela e a premeditação.
E sinto uma falta absurda de ouvir “minha voz interior”. Ah como eu queria uma sábia voz conselheira me dizendo o que fazer sem eu precisar exaustivamente ser racional. Porque ser racional é mentalmente cansativo. Ás vezes tudo o que eu queria era uma dose de determinação sem necessidade de ponderar tanto, sem tanto desgaste. É como se não existissem mais neurônios suficientes para tanto cálculo mental e eu clamasse por um auxílio.
Fico me perguntando se ao invés de racionalizar tudo, de seguir o caminho lógico, não deveríamos tomar as rédeas da própria vida e fazer o que desse na veneta seguindo o primeiro pensamento (porque afinal, talvez seja esse primeiro pensamento a tal inspiração) e depois lidar da melhor maneira possível com as consequências sejam quais fossem. Não sei. Não consigo me decidir. Não tenho nenhuma intuição de que isso seja o ideal e racionalmente acho que não é uma boa ideia.
Tenho somente uma teoria para explicar minha completa ausência de voz interior. É que ainda não vivenciei nenhuma situação realmente crucial na minha vida em que uma voz interior se fizesse necessária. Pretensiosa e sem graça eu sei. Poxa, todo esse tempo e ainda não chegou nenhum momento capital? Faz tudo parecer tão pequeno. É meu único consolo entretanto e com ele sigo em frente, esperando que um dia conseguirei ouvir essa vozinha conselheira.

segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Sobre o final de How I met your mother

How I met your mother foi aquela série que eu amei desde o início até o final, em que eu me vi um pouco representada em cada um dos personagens e que fez sentido todo o tempo. Não foi como Friends, por exemplo, que eu passei a série inteira sentindo vontade de bater na egoísta da Rachel ou como Grey’s Anatomy que para mim perdeu todo o sentido ao longo dos anos.
Assim como acontece com muitos dos livros que leio, vou sentir uma saudade imensa desses personagens!
Refleti bastante sobre o polêmico final e acho que ele, assim como toda a série, tem importantes lições a ensinar.
Para mim Barney Stinson sempre foi o melhor personagem! Definitivamente. Eu não o enxergo como um egoísta. Muito pelo contrário. Embora tenha tratado muitas pessoas como descartáveis, ao longo da série ele dá diversas mostras do quanto se importa com quem realmente importa para ele: a maneira como ele correu para o hospital quando soube que Ted estava lá foi comovente, a maneira como ele se esforçou para arrumar um emprego no GNB para o Marshall e um emprego na televisão para a Robin quando soube que ela poderia ser deportada, a maneira como ele quis pagar para o Marvin a babá dos sonhos da Lily, todas as vezes em que ele se esforçou para fazer a Robin feliz em especial no final quando “trouxe o Canadá” até ela e principalmente o desfecho do “The Robin” – que para mim foi um dos melhores momentos da série, se não o melhor.
Considerações sobre o final:
ATENÇÃO SPOILER. Se você não viu o final da série, pare de ler aqui.
O óbvio e esperado por todos era que Ted vivesse feliz para sempre com a Tracy. Seria o final de conto de fadas. Eu mesma passei a série inteira esperando pelo momento em que “a mãe” se juntaria aos filhos no sofá para ouvir o final da história. Mas esse final feliz não traria tantas reflexões. A série mostrou e nos ensinou sobre a passagem do tempo, sobre o amadurecimento das pessoas e principalmente que há muitas pessoas que passam pela nossa vida nos deixando lições e vivendo algo conosco, mas que nem sempre isso é definitivo. Na vida, nada é definitivo.
A série também ensina que às vezes uma pessoa não pode nos dar tudo o que queremos. Ted queria uma família e filhos. Robin não podia e não queria dar isso a ele. Ela podia dar muitas coisas e foi o que fez ele se apaixonar por ela, mas não podia dar tudo. Robin podia dar muitas coisas a Barney, ela era sua melhor “bro”, mas de certo modo o impedia de ser quem era. Tracy podia dar uma família e filhos para Ted, mas ela também tinha Max seu primeiro amor.
Tracy viveu um sonho lindo com Ted, mas não podemos esquecer que ela tinha Max. A existência de Max mostra claramente como nada é definitivo. Ted foi um recomeço para ela, assim como ela foi um recomeço para Ted também e como Robin foi um recomeço para Ted.
A série era sobre a busca do Ted pela “the one”, mas ela também é uma série sobre a história do Ted com a Robin! Ted passou boa parte da série sendo infeliz, até finalmente encontrar a Tracy. Só que a vida não é perfeita e ela acabou partindo. Ele merecia também viver uma história com a Robin, que veio no momento em que os dois finalmente estavam prontos, maduros e aceitando um o que o outro poderia oferecer. Acho que ele merecia demais essa história com a Robin.
Não gostei do final do Barney. Não consigo acreditar que ele e a Robin não ficaram juntos porque para mim eles eram o casal perfeito da série – com todas as suas imperfeições! Isso doeu. Doeu muito. Mas se refletirmos que o Ted também merecia uma chance com a Robin, ela não poderia mesmo ficar com o Barney. Eu gostaria muito de mudar o final e fazer com que a Robin pudesse ter filhos e ela ter dado um filho a Barney. Depois disso, ela até poderia ficar com o Ted do jeito como aconteceu.
Acho que o final foi muito rápido, com muitas revelações “jogadas” de última hora sem dar tempo para digerir o suficiente. Concordo que a Tracy apareceu muito pouco. Não tivemos tempo suficiente para entender tudo (como a doença dela). Essas são críticas consistentes, mas são críticas sobre a estrutura de apresentação dos últimos capítulos.
Enfim, apesar de controverso e de ter me deixado um pouco triste, acho que esse final ensina muito, assim como a série como um todo ensinou. How I Met Your Mother me fez feliz todo o tempo, tudo bem o final ter me chateado um pouco.
Sim, it was legen... wait for it... dary!!!

domingo, 21 de outubro de 2018

O que eu aprendi com "90 dias para casar"


"90 dias para casar! é daquele tipo de programa que tu sabe que não deveria perder tempo assistindo, mas quando vê, não consegue desgrudar o olho. Para quem nunca ouviu falar, trata-se de um programa da TLC que mostra casais formados por um(a) norte-americano(a) e um(a) estrangeiro(a) que após se conhecerem e decidirem ficar juntos tem 90 dias para se casar (pois este é o prazo do visto americano concedido a alguém que pretende se casar com um cidadão dos EUA). Há uma variação do programa mostrando os participantes após o casamento também.  Assiste-se pela mera vontade de futricar a vida alheia de pessoas anônimas e muito distantes, eu sei. Somos bombardeados com horas de discussões intermináveis entre os casais, preocupações, embates com as respectivas famílias, choques culturais, estresse com o prazo, planos conflitantes e alguns indivíduos visivelmente apenas interessados no Green Card. No entanto, por detrás de toda a aparente encenação e futilidade que por vezes beira a comédia, em que nos perguntamos “o que essas pessoas estão fazendo?” podemos aprender grandes lições sobre relacionamentos. E é sobre essas lições que eu quero escrever.
Claro, vamos deixar claro que eu assisto o programa do alto da minha solteirice (cada vez mais convicta com a passagem do tempo) e portanto sem as lentes coloridas dos apaixonados, mas com a maturidade de quem já aprendeu um bocado e a certeza de que ainda tem muito a aprender.
Percebemos ao assistir esse tipo de programa o quanto é preciso estar de coração aberto em um relacionamento. O quanto é preciso estar disposto a abrir mão de coisas, mas abrir mão verdadeiramente, sem considerar essa decisão como um fardo que se está carregando em nome daquela pessoa, daquele relacionamento. Sem a exigência de compensações do tipo “eu abri mão de muitas coisas importantes da minha vida para ficar com você, agora você deveria agir como eu quero”. Especialmente quando estamos tratando de culturas e vidas completamente diferentes, é preciso deixar ir muito mais coisas. É difícil aceitar o novo e é difícil ceder. Por mais que se goste da pessoa e que se queira estar com ela, às vezes isso não é suficiente. Às vezes existem outras coisas na nossa vida que importam tanto, mas tanto, que só nos damos conta que não conseguimos renunciar a elas quando somos obrigados a isso. E que o amor daquela pessoa tão desejada talvez não seja suficiente para compensar a dor de tudo que se abdicou. Talvez o “custo de oportunidade” (para usar o jargão dos economistas) seja alto demais e lá no fundo não se esteja verdadeiramente disposto a pagá-lo. Nesse caso, não adianta bater a cabeça pensando em um modo de ficar com a pessoa sem pagar o custo de oportunidade. É o que eu vejo os casais tentando fazer no programa. Eles querem achar um modo de estar com a pessoa sem pagar o custo de oportunidade, sem abrir mão de nada, e quando não conseguem se frustram. Grande erro. Ao fazer isso, ao insistir em algo cujo custo é alto demais, somente nos maltratamos.
Outra lição é que nunca devemos fazer planos esperando que o outro mude para se encaixar neles. As pessoas nem sempre querem mudar e mesmo que queiram, nem sempre conseguem. Mais frustração.
Outro erro fenomenal e incrivelmente comum é que muitos casais aparentemente nunca conversaram sobre o que querem de fato da vida antes de decidir ficar juntos. Parece que a decisão de ficar juntos e a certeza de que “são feitos um para o outro” será suficiente para “que tudo se arranje”. Não. Por mais gostos em comum, por mais afinidade, por mais que se sintam bem e felizes juntos, às vezes as pessoas querem para si coisas diferentes, têm objetivos, metas e valores que não se conversam. Um quer viajar, outro quer comprar uma casa; um quer quatro filhos, outro não; um quer viver na cidade grande, outro num chalé nas montanhas; um quer um grande casamento, outro quer economizar; e por aí vai. De novo, mais possibilidades de que o custo de oportunidade seja alto demais. Se é um ou dois aspectos que se consegue negociar, ok. O problema é que geralmente são coisas grandes demais, são coisas que impactam fundo no modo como aquela pessoa escolheu viver a vida, é a filosofia de vida que ela escolheu para si que está em jogo. E eu acredito sinceramente que mesmo em culturas muito diferentes é possível encontrar pessoas que pensem como nós e que tenham os mesmos valores e metas, formando o “match” perfeito, seja entre amigos ou entre casais românticos. Daí, o processo de incorporar novas coisas e uma nova cultura, é enriquecedor, divertido, leve e extraordinário. Só que se as crenças principais forem diametralmente opostas, o processo de ceder e incorporar talvez seja desgastante demais ou mesmo impossível.
Em alguns casos, apenas aceitar que se viveu uma história incrível e arrebatadora, mas que é melhor que termine é o melhor caminho. Existem muitas pessoas no mundo, a vida está sempre pronta para nos surpreender, basta que tenhamos coragem suficiente para seguir em frente e tudo ficará bem.
Nem tudo é frustração claro. Todas as pessoas que cruzam nossas vidas, das mais diferentes formas, tem o potencial de nos ensinar alguma coisa desde que estejamos suficientemente abertos para isso. Apenas penso que deveríamos ser menos utópicos.