sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Você já levou um fora?



Daqueles bem dolorosos de chorar como se não houvesse amanhã abraçado em um travesseiro fofo?
Espero sinceramente que a resposta seja sim.
Apesar dos incontáveis foras anteriores, me perguntava se chegaria a me importar verdadeiramente com um fora de novo ou se já estaria anestesiada demais para mais do que um dar de ombros.
Até que o dia chegou e ele veio com toda a dor que só um coração partido pode proporcionar a seu dono.
E eu agarrei meu travesseiro fofo e chorei até que não existissem mais lágrimas para serem derrubadas, sentindo toda aquela dor que parecia que não iria terminar nunca e murmurando “por favor, por favor, pare de doer…”.
Porque na hora parece que a dor não terá fim e só conseguimos pensar no quanto dói e no quanto queremos que pare de doer. E enquanto eu estava ali, chorando com todo meu sentimento e quase implorando para que eu conseguisse não sentir mais tanta dor, eu percebi que a dor é inevitável e que a sentiremos em toda sua intensidade pelo tempo que ela tiver que durar. Por mais que se peça para a vida, Deus, o universo ou o que quer em que se acredite, ela não passará enquanto não tiver que passar. Só o que resta é sentar e sentir com toda a intensidade, com a certeza de que por maior que ela seja no momento, ela vai passar e será só uma lembrança, como qualquer outra na vida.
É muito duro o momento em que descobrimos que alguém não nos quer ou não nos quer mais (abrindo um parênteses, até acho que o primeiro caso é o pior porque nunca teremos a alegria de ter a pessoa de nosso apreço nos braços, não teremos nenhum tempo feliz com ela para relembrar porque ela simplesmente nunca sentiu o mesmo que nós. Quando é alguém que não nos quer mais, não nos quer no presente e talvez no futuro, pelo menos temos um passado inteiro de memórias que ajudaram a fazer de nós quem somos). É duro porque nos importamos. Porque somos humanos. Porque sentimos. Seria uma pena se não fosse assim. Ficar triste porque alguém por quem nutrimos bons sentimentos não nos quer do mesmo jeito, faz de nós mais humanos. E foi assim que me senti aquele dia em meio a toda aquela tristeza, eu sabia que eu era apenas humana e não estava imune a sentimentos, havia um coração pulsando em meu peito. Enfim, uma pequena alegria.
Às vezes buscamos uma explicação para o dito fora. Por que? Por que a pessoa não nos quer? O que fizemos ou deixamos de fazer? Por que ela fez ou disse isso ou aquilo? Por que tivemos esperança? Acho que essa é a parte do sofrimento que devemos pular porque só serve para nos maltratar, nunca teremos de fato uma resposta. Não adianta tentar buscar a racionalidade em algo que por si só não é racional. Me conformo com a explicação “porque a pessoa quis”. Ela quis agir assim e não há nada de errado com isso. Por mais que nos machuque, não controlamos o que as outras pessoas fazem (às vezes nem mesmo elas têm ideia da magnitude de suas próprias ações).
Também acredito que não adianta culpar a outra pessoa pela dor que sentimos. Ela não é culpada. Os sentimentos são nossos. De novo, talvez ela nem soubesse da magnitude deles ou não queira ou não possa retribuir. A não ser que a pessoa tenha mentido e enganado deliberadamente, não há nada de errado com a pessoa somente porque ela não nos quis, ela simplesmente não nos quis. Vamos repetir isso para nós mesmos algumas vezes e seguir em frente. A vida segue e toda aquela dor que sentimos abraçados com um travesseiro fofo vai passar. Eu não sei quando, eu só sei que vai. E eu, pelo menos, terei a certeza de que fui honesta com meus sentimentos e pensamentos e corajosa o suficiente para revelar o que eu sentia. Eu arrisquei. E em algum momento - sem nenhum esforço especial nosso - a vida virará a página e novas histórias virão.

Um comentário:

  1. Não temos controle do nosso querer ou dos nossos desejos. Se não queremos alguém ou damos um fora em alguém, nós também podemos não saber o pq disto. Ou, se até sabemos, falar os motivos pode ser avassalador para a outra pessoa e completamente desnecessário também falar.

    Às vezes marcamos certos compromissos numa determinada data, acordamos... e pumba! "Não estou afim deste compromisso hoje". Oras... ontem eu estava, mas acordei hoje e não sei pq naum estou afim. É um dado da realidade. E agora: o que fazer?

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