quarta-feira, 17 de abril de 2019

Leiturinhas interessantes dos últimos tempos




Sou bem eclética nas minhas leituras e acho que ando lendo bastante e livros bem interessantes ainda por cima. A meta de 2019 é superar os 44 livros lidos em 2018. Então, por que não compartilhar alguns comentários sobre o que andei lendo que me chamou mais atenção? :)


O Xará - Jhumpa Lahiri

Acho que esse livro caiu como uma luva para mim, era exatamente o que eu estava precisando ler nesse momento da vida. O livro conta a história de Gógol Ganguli, americano filho de pais indianos que migraram para os Estados Unidos. Registrado com um nome russo que muito o incomoda - Gógol - o personagem luta para se encaixar entre duas culturas tão diferentes, entre os anseios dos pais e as vontades próprias. A narrativa, simples, inicia com a história dos pais de Gógol, Ashima e Ashoke. Ashima, a mãe de Gógol, tem dificuldades para se adaptar ao novo país, à nova cultura e à distância da família e do que ela considera seu lar. Qualquer um que tenha passado algum tempo longe de casa ou que já tenha experimentado de algum modo uma cultura muito diferente da sua, consegue se identificar um pouco com os sentimentos de Ashima.
Com o avanço do tempo e da história, acompanhamos o desenvolvimento de Gógol, suas mudanças para estudar e trabalhar, as pessoas que ele encontra, as transformações que ele e as pessoas ao seu redor sofrem com os anos e as perdas ao longo da vida. Acho que é impossível não sentir um pouco de empatia com a forma de pensar de Gógol e dos outros personagens que cruzam o caminho dele.
O livro narra de modo sagaz a passagem do tempo e a maturidade dos personagens. É encantador perceber como a vida e nossa forma de pensar, sentir e agir estão em constante mutação, de modo inexóravel, independente da nossa vontade. Aceitar as mudanças da vida é uma das melhores formas de seguir em frente na minha opinião e acompanhar as mudanças na vida desses personagens tão complexos, tão ricos e tão parecidos com qualquer um de nós, com seus sentimentos contraditórios e suas incertezas, é uma forma interessante de assimilar e aceitar as mudanças nas nossas próprias vidas, nos nossos sentimentos e nos sentimentos e atitudes dos que estão ao nosso redor e - talvez e principalmente - uma forma interessante de lidar com as perdas da vida, sejam perdas decorrentes da morte dos que amamos, sejam perdas porque as pessoas precisam seguir um caminho diferente do nosso.
Acho que a forma mais resumida de definir esse livro é “um livro sobre as mudanças da vida”.


Pequenas atitudes, grandes mudanças: Microrresoluções para transformar sua vida - Caroline L. Arnold

Esse livro de não-ficção de leitura rápida apresenta a teoria de que para mudar hábitos podemos adotar as microrresoluções, que são pequenas rotinas impossíveis de não conseguir cumprir que com constância a longo prazo trazem grandes benefícios na nossa vida. Achei que segue a mesma linha do “O poder do hábito” sem todas as pesquisas e estudos desse. Precisamos identificar as deixas que podem desencadear determinado comportamento que queremos mudar ou inserir e a partir daí estabelecer uma rotina pequena, direta e fácil de cumprir que nos leve a mudanças duradouras. A autora dá vários exemplos especialmente em relação à alimentação, organização e prática de exercícios. Estabeleci algumas microrresoluções que consegui implementar com sucesso. Algumas outras ainda estou me esforçando para adotar.


Sal, Açúcar, Gordura: Como a indústria alimentícia nos fisgou - Michael Moss

Estou em um processo de mudanças de hábitos alimentícios - acho até que eu deveria escrever sobre isso - então esse livro também veio no momento certo. O autor mostra como a indústria de alimentos americana vem, ao longo de anos, manipulando com sal, açúcar e gordura, os alimentos industrializados para vender mais em detrimento da saúde das pessoas. É um retrato assustador de como empresas tentam nos viciar em seus produtos e como muito do que é fabricado no setor de alimentos é prejudicial. Nosso paladar está sendo moldado para consumir quantidades inacreditáveis de sal, açúcar e gordura e pouco está sendo feito para mudar isso.
Claro, o livro é focado na indústria americana que é muito mais rica em alimentos altamente processados e industrializados (e absurdamente baratos em geral) do que a nossa. Mesmo assim acho que o alerta é muitíssimo válido. Fica a dica para prestar mais atenção nos rótulos e no que escolhemos para matar a nossa fome. Em nome do comodismo estamos optando por opções que nem deveriam ser chamadas de “comida”.
Depois da leitura e no meu atual estágio de mudanças de hábitos, lamento muito que a indústria não seja obrigada a informar o teor de açúcar, gordura e sódio na embalagem dos produtos.