O minimalismo foi algo que sempre esteve comigo. Muito antes de eu sequer ter ouvido falar dele pela primeira vez, até. É a forma que eu sempre pensei e me questionei sobre algumas coisas. A única coisa que mudou é que essas ideias que sempre estiveram maturando em mim ganharam uma forma mais definida, ganharam um nome.
O ponto de virada, eu acho, foi a leitura do livro “Menos é mais” que resenhei aqui. Com ele descobri esse nome “minimalismo”. Descobri que aquilo que eu pensava era compartilhado por outras pessoas, que fazia sentido meu sentimento de desapego em relação à bens materiais que não me tragam utilidade e meu modo de tentar simplificar a vida tendo menos bens materiais. Antes eu chamava de praticidade. Continuo achando que praticidade é uma boa boa palavra, mas agora aperfeiçoei muito mais minhas teorias, me questiono muito mais e adquiri novos valores.
Acho que é um pouco difícil definir o minimalismo. Porque não há um único modo de ver as coisas e uma única definição. Isso depende de cada um. Não me preocupo muito em encontrar uma definição perfeita, para mim é simplesmente minha forma de pensar, agora com um nome. Acho que um bom começo para quem não sabe nada a respeito é o próprio livro “Menos é mais” e também o documentário “Minimalism: a documentary about the important things” disponível na Netflix. Se eu fosse definir diria que é “simplificar as coisas para que sobre espaço para o que é realmente importante na vida”. Algo assim.
Uma vez li algo que a Zibia Gasparetto escreveu, não sei em que livro, que dizia que é importante liberarmos algumas coisas para abrir espaço para que novas coisas entrem na nossa vida. Adorei e pratiquei sempre desde então. Até porque nunca curti manter o que chamo de “tralha”. Muita coisa acumulada me incomoda, parece que me sufoca. Por que guardar se não é útil, se não é usado? Só para ser mais coisa para ter que limpar? Por que se apegar em coisas materiais também? É tão melhor deixar a vida mais leve.
Aí entra o processo de desapego, que acredito que seja a primeira fase do minimalismo: se desapegar do que não é importante. Liberar espaço na vida para o que é importante. Gastar menos energia, tempo, espaço e dinheiro com o que não é importante. Acho que essa fase é um processo que meio que nunca se encerra, está sempre acontecendo, paulatinamente. Embora meio bagunceira, considero que não tinha tanta tralha assim. Mesmo assim, desapeguei de muita coisa; roupas que não gostava, sapatos que machucavam, papelada antiga. Roupas e sapatos ainda quero diminuir. Todo ano faço uma espécie de inventário, conto as roupas, acessórios e sapatos e no ano seguinte esse número tem que ser menor. Além disso, a regra é: para cada coisa que entra, uma coisa tem que sair. Aos poucos vou chegando no que quero. Brinco que o objetivo é que tudo caiba em uma única mala. Ainda está longe disso, mas quem sabe?
Com esse processo de desapegar mais ainda e as leituras e vídeos que vieram (acho que tenho que fazer um texto sobre todo esse material que vem me influenciando positivamente nos últimos tempos), comecei a me questionar muito mais sobre o que é importante, sobre o que eu quero da vida e para a vida, sobre o que faz sentido para mim, sobre o modo que eu quero viver.
Veio esse blog também porque eu queria escrever mais sobre minhas teorias malucas sobre “a vida, o universo e tudo o mais” (entendeu o referência?).
Passei a me questionar mais sobre o que eu consumo. Sempre fui o que costumam chamar de mão-de-vaca, com muito orgulho inclusive. Isso continua, mas agora me questiono ainda mais sobre o impacto do que eu consumo, não apenas no meu bolso, mas para o planeta também.
Tento produzir menos lixo. Estou muito, muito, muito longe do ideal nesse quesito e até sou um pouco contra a coisas extremas demais. Admiro muito o movimento zero waste, mas não é o estilo de vida que eu queira ou conseguiria seguir. Eu viajo e sei que isso é uma atividade super poluente e impactante e não pretendo deixar de viajar, seria então um pouco de hipocrisia dizer que melhorei muito, mas reflito mais e tento reduzir o que é possível, mesmo que seja nas pequenas coisas.
Diminui muito a quantidade de doces que consumo. Bom, isso na verdade teve outro ponto de virada e também merece um texto específico, mas acho que combinou muito com o que eu quero para a minha vida agora.
Reflito mais sobre a forma como uso meu tempo, sobre o tipo de pessoa que quero ter por perto e sobre minha reação a coisas que me acontecem. Inclusive espero ainda encontrar muitas pessoas que pensem do mesmo modo.
Enfim, acho que amadureci, passei a gostar mais da minha própria companhia e aceitar a vida como ela é.