segunda-feira, 27 de abril de 2020

Mudanças da vida



Recentemente minha vida sofreu uma reviravolta. Fui demitida após seis anos na empresa em que eu trabalhava. Com a demissão, minha vida sofreu uma reviravolta, ainda maior por conta da pandemia do corona vírus. Resolvi entregar o apartamento para o qual havia me mudado há apenas 7 meses. Eu gosto muito desse apartamento e acho que fui muito feliz e amadureci muito nesse curto período em que morei sozinha. Estou vendendo muitas coisas, desapegando de muitas coisas, me esforçando também para desapegar da vida que eu tinha e que nunca mais será a mesma, da cidade da qual eu gostava, da rotina com a qual estava acostumada, tentando simplificar o que é possível e me acostumando com o período de incertezas, de mudanças e muito em breve, de vida nômade.
Mudanças são edificantes. Não as temo de maneira nenhuma. Sei que a vida sempre reserva boas coisas para nós e reviravoltas são oportunidades de crescimento. Estou ansiosa com o que está por vir e tenho aprendido algumas coisas nesse processo de desapegar de bens materiais e mudar a vida. Claro que é difícil deixar ir coisas das quais gostamos, mas a certeza de que a vida está sempre certa e a perspectiva de novas experiências torna essa pequena dor mais fácil de superar.
Percebi o quanto é verdadeiro algo que havia lido uma vez: um dia você faz algo pela última vez e somente algum tempo depois vai perceber que aquela foi a última vez. Isso às vezes deixa um gosto amargo e está sendo a parte mais difícil de lidar nesse processo. Aceitar que algumas coisas se foram e não existirão mais do mesmo jeito é um processo que exige tempo e maturidade. Aceitar que não se poderá mais fazer algo é bem duro. Por outro lado, fico pensando o que mudaria se eu soubesse que a última vez é a última vez. Acho que a consciência de saber que é algo que não se repetirá, apesar de permitir maior consciência de cada detalhe e do tempo e espaço a nossa volta, iria tornar a experiência mais triste. Talvez seja melhor assim.
Outra lição é que nenhum bem material nos pertence realmente. Aliás, nada nos pertence realmente. Tudo é um empréstimo da vida que utilizamos enquanto nos é útil e quando não é mais necessário, devemos deixar ir. Vale para objetos, lugares e vivências. Deixar de encarar algo como sendo “meu” e passar a encarar tudo apenas como um empréstimo da vida muda nossa perspectiva. Torna mais fácil desapegar, pois as coisas não são nossas, apenas as utilizamos pelo tempo que a vida nos permite. É como pegar algo emprestado e devolver depois de usar. Acontece que como algumas coisas ficam conosco por tanto tempo ou como gostamos demais de algumas delas, acabamos nos esquecendo que não nos pertencem e queremos permanecer com elas por mais tempo do que o necessário.
Isso também acontece com empregos, com casas, com lugares que frequentamos, com cidades que escolhemos para morar, com a rotina que seguimos: tudo são ferramentas para nossa evolução, para nos ensinar algo e quando não são mais úteis ou necessárias, temos que dizer tchau e partir para novas experiências. O melhor mesmo é tentar entender o que aprendemos com tudo isso que passou por nós, que fez parte da nossa vida e agradecer pelas vivências que nos fizeram feliz, ainda que tenham sido mais curtas do que gostaríamos.
Não vale a pena se apegar, é uma energia gasta inutilmente, pois caso seja necessário, a vida tratará de nos fazer seguir em frente de um jeito ou de outro. O apego serve apenas para nos atrasar, para nos maltratar nos impedindo de viver outras histórias que talvez nos façam até mais feliz. É duro, é difícil, até mesmo para mim usualmente tão desapegada. Acho que no fundo é principalmente o medo da incerteza. É preciso ter bastante fé para confiar que o que vem pela frente será ainda melhor do que uma vivência da qual gostamos. Como diz uma canção do Green Day, uma das minhas bandas favoritas: “It's something unpredictable, but in the end it's right”.

Fonte da imagem:  https://pixabay.com/pt/photos/mudan%C3%A7a-conselho-porta-novo-come%C3%A7o-4056014/

quarta-feira, 8 de abril de 2020

38 coisas aleatórias que observei no Japão




Minha última viagem foi para o Japão. Em 18 dias lá, pude observar algumas coisas curiosas e diferentes. Para não perder o costume de fazer listas, vamos a mais uma com as curiosidades da terra do sol nascente.

Categoria “Observações gerais”:

1) Todas aquelas imagens com prédios cheios de luminosos coloridos piscando, a multidão andando em volta e as placas em japonês é muito real. 

2) Apesar das ruas estarem sempre abarrotadas de pessoas e do movimento intenso, é um país muito silencioso de um modo que eu não sei explicar. Mesmo no transporte público as pessoas ficam quietas e em silêncio. Quando cheguei de volta ao Brasil, ainda no aeroporto, percebi o quanto somos barulhentos. Todo mundo fala alto e o tempo todo. 

3) A sensação de segurança é incrível. Mesmo andar a noite por ruas vazias ou em lugares de grande movimento é extremamente seguro.

4) Em muitos lugares, mesmo em restaurantes e especialmente em templos, é preciso tirar os sapatos para entrar.

5) As ruas em Tóquio não tem nome!!! Me apavorei quando descobri isso antes mesmo de viajar. Apenas algumas ruas principais têm nomes. As demais têm apenas alguns números que indicam a região ou bairro, a quadra e o número do prédio e não, as quadras não seguem nenhuma lógica possível de entender. Sem mapa no smartphone acho que é impossível encontrar qualquer coisa sozinho. 

6) Não vi tantos turistas ocidentais como imaginei que veria. Claro que eles existem, encontrei vários, mas muito menos do que achei que haveria. Fiquei com a impressão de que os principais turistas do Japão são coreanos e chineses. Muitas informações em pontos turísticos estão em coreano e chinês além do japonês e inglês de praxe.

7) Eles têm banhos públicos em que as pessoas tomam banho em público - totalmente sem roupas - em piscinas com água bem quente. São separados por gênero. Experimentei apenas em um dos hostels que fiquei. É necessário tomar uma ducha antes de entrar na piscina e a água da piscina é muito quente, há muito vapor no ambiente. É gostoso, mas é realmente muito quente, não dá para ficar muito tempo.

8) O sistema de transporte público é fácil de entender. Nas estações de metrô e trem, há muitas (muitas mesmo) placas indicando o caminho para diferentes plataformas e itinerários a cada poucos passos, então é muito fácil se localizar.

9) Ao usar o metrô ou trem, é preciso cuidar o número da saída que se deseja. Cada estação tem diferentes saídas indicadas por números e cada uma dá em um lugar diferente. Sabendo o número da saída que se deseja, é muito fácil encontrar dentro da estação.

10) Para comprar tickets individuais para o metrô/trem se utilizam máquinas (não há guichê com atendimento humano) e o preço varia conforme a distância percorrida. Caso se calcule o valor errado, ao passar na catraca de saída, você vê um aviso indicando para ajustar o valor em uma máquina especial para isso para que a saída seja liberada.

11) O cachorro da ração akita (o Hashiko do filme “Sempre ao seu lado”) é bem comum. Vi várias pessoas passeando na rua com um deles.

12) O Museu do Memorial da Paz de Hiroshima é simplesmente o lugar mais triste que eu já vi na vida. É absolutamente chocante observar as histórias contadas nesse museu sobre a bomba atômica. Mais horrível ainda é pensar que foi uma obra humana. É preciso visitar para entender o sentimento que ele desperta.


Categoria “Comida, bebida e restaurantes”:

13) O sushi não tem cream cheese e é bem melhor que o brasileiro.

14) As frutas são muito caras especialmente morangos.

15) Em muitos restaurantes, as pessoas se sentam uma ao lado da outra em uma grande mesa ou balcão.

16) A bebida da moda parece ser o highball, presente em todos os bares que visitei e vi.

17) A maioria dos restaurantes tem um cardápio ou placa na porta (do lado de fora) com os preços o que facilita muito na escolha de onde comer. Muitos restaurantes tem cardápio em inglês, mas estes poderiam ser ainda mais comuns.

18) Não se utiliza faca para nenhuma refeição. As carnes (especialmente porco, frango e peixe) já vem cortadas em fatias. Algumas comidas como curry com arroz vêm com uma colher para comer.

19) Nos restaurantes, ou quando se compra algo de comer, é comum receber um lenço umedecido para limpar as mãos antes de comer. Achei um bom hábito, agora gosto de carregar alguns comigo para higienizar as mãos.

20) A maioria das comidas é deliciosamente apimentada. Muitas também costumam ter algum caldo também. Nada de comida seca!

21) Alguns restaurantes recebem os pedidos e o pagamento em máquinas. Você insere o dinheiro e clica no botão correspondente ao prato que deseja e aos adicionais. A máquina libera o troco e um ticket para retirar a comida. Muito prático.

22) Eles comem muito arroz. As porções de arroz nos pratos são sempre muito generosas. O arroz não é soltinho como o brasileiro. Sempre arroz branco, não vi em nenhum lugar arroz integral. Aliás, não vi nenhum pão integral também. Comi diversos pães e bolos de padaria e loja de conveniência e nunca vi para vender pão integral. 


Categoria “Japoneses”:

23) O japonês é um povo simpático, mas a população não fala muito inglês. 

24) As mulheres japonesas se vestem muito bem e de um modo muito feminino. Mesmo no inverno, elas usam saias longas muito bonitas e não se importam muito de colocar um casacão por cima de tudo ou misturar com tênis de um modo bem despojado.

25) O japonês é um povo que sorri muito, mas que tem os dentes muito tortos. Também não observei ninguém usando aparelho nos dentes.

26) O japonês é um povo honesto. Perdi uma boina na rua no caminho entre o hostel e a estação de metrô em Kyoto. Encontrei dois dias depois em cima de um pequeno muro no meio do trajeto.

27) Sim, eles são muito baixos. Tenho 1,76 e me sentia muito alta em todos os lugares.

28) Os japoneses fumam muito! É extremamente comum ver gente fumando nos lugares reservados para tal (os fumódromos), muito mais do que no Brasil, e muitos restaurantes tem áreas para fumantes. Quando fui em um bar, pela primeira vez em muitos anos, senti que voltei para casa com cheiro de cigarro na roupa. 


Categoria “Produtos”:

29) Os banheiros são super tecnológicos. O vaso sanitário tem vários botões para descarga, liberar água em diferentes direções, ar quente e alguns são aquecidos. É incrivelmente bom! No início achei muito engraçado.

30) Em alguns lugares é possível encontrar o banheiro tradicional japonês. É tipo  um “buraco no chão” para usar de cócoras.

31) Eles parecem ser bem obcecados com produtos para limpeza de pele. É possível encontrar um corredor inteiro dedicado a produtos dessa categoria nas lojas.

32) Há máquinas de bebidas (água, sucos e refrigerantes) espalhadas por todo o canto nas ruas e estações de trem. Os rótulos são em japonês, mas é fácil de deduzir.

33) Existe Kit Kat de muitos sabores diferentes como chá, laranja, sakura e farinha de soja.

34) O chá verde é bem melhor que o chá verde comprado no Brasil. Água ou chá verde normalmente estão disponíveis gratuitamente nos restaurantes.

35) Tudo é super embalado. Chocolates e bolachas especialmente tem sempre pelo menos duas camadas de embalagem. Muitos tem uma embalagem principal e  dentro uma embalagem individual para cada chocolate ou cada biscoito. Ponto negativo, pois gera muito lixo.

36) Os japoneses usam muito plástico. Diferentemente da Europa, no Japão eles não se importam de fornecer gratuitamente sacola plástica em todas lojas e supermercados. Eles também distribuem fartamente guardanapos individualmente embalados em plástico e talheres descartáveis conforme o que você compra em lojas de conveniência.

37) Há uma enorme variedade de máscaras para o rosto. Especialmente as do tipo sheet mask.

38) Todos os quatro hostels em que fiquei disponibilizava shampoo, condicionador e sabonete líquido em todos os banheiros. Nunca vi isso em nenhum outro hostel em nenhum outro lugar.

Extra
Algumas coisas muito diferentes que comi:
Sushi de ova de salmão e de ouriço do mar
Cartilagem de tubarão
Pele de frango frita em espetinhos com molho adocicado
Ramén (que é minha comida japonesa preferida definitivamente)
Pão em formato de melão com recheio de sorvete de creme
Sorvete de gergelim
Sorvete de baunilha negra
Iogurte de babosa
Takoyaki (bolinho de polvo)
Pepino japonês como comida de bar para acompanhar bebidas alcoólicas


O Japão é um país incrível que eu adorei ter tido a oportunidade de conhecer. É um país que acredito que todo mundo deveria ir pelo menos uma vez na vida, mais do que qualquer outro. Porque é uma diferença muito grande em relação a qualquer outro lugar que eu tenha ido. 


Fonte da imagem:  https://pixabay.com/pt/photos/jap%C3%A3o-t%C3%B3quio-shibuya-japon%C3%AAs-217882/

terça-feira, 24 de março de 2020

Dicas de livros



“Achamos que quando nos arrancam de nossas trilhas rotineiras tudo está perdido; mas é só então que começa algo novo e bom” (TOLSTÓI, 2017, posição 27383).

Em tempos de confinamento por conta do Corona Vírus, estou tentando intensificar minhas leituras, então vamos aos comentários sobre os livros interessantes dos últimos tempos:

A riqueza da vida simples - Gustavo Cerbasi

Já li vários livros do Gustavo Cerbasi e acho as reflexões dele muito ponderadas. Esse, lançado em 2019, se concentra bastante, como o nome diz, em refletir sobre a busca por um estilo de vida mais simples e mais de acordo com o que é realmente importante para nós ao invés do estilo que é comumente adotado pela sociedade como modelo de sucesso. O livro também apresenta alguns questionamentos para nos tirar da zona de conforto como por que não mudar, escolher outro modo de vida, outra casa, outras escolhas de consumo que caibam no nosso orçamento e estejam mais de acordo com o que podemos e queremos. 
Este ano estou tentando fazer um resgate colocando no centro da minha vida os objetivos financeiros e de consumo que são e sempre foram meus sonhos e eliminando ou reduzindo drasticamente o orçamento dedicado aquilo que não tem a ver com os sonhos principais (aqueles que realmente impactam na minha felicidade). É uma questão de rever prioridades, algo que acredito deve ser examinado de tempos em tempos. Então, a leitura do livro do Cerbasi teve tudo a ver com esse meu momento.


Guerra e Paz - Liev Tolstói

Tinha curiosidade sobre esse clássico da literatura mundial. Ele é enorme e posso dizer: vale a pena todo o tempo dedicado a sua leitura. É difícil explicar, mas Tolstói tem uma maneira única de escrever que eu nunca havia visto. Além de reflexões históricas interessantes, ele descreve cenas e personagens de uma maneira muito rica, é realmente como se conhecêssemos seus personagens, como se eles fossem reais. Obviamente um livro para quem gosta de ler. 
Acho que as descrições abaixo falam por si só:

Era evidente que agora ele só compreendia com dificuldade tudo o que era vivo; mas ao mesmo tempo sentia-se que ele não compreendia os vivos não porque estivesse privado das suas faculdades do entendimento, e sim porque compreendia outra coisa, algo que os vivos não compreendiam e não podiam compreender e que o absorvia por completo (TOLSTÓI, 2017, posição 24033).

A loucura de Pierre consistia em que ele não esperava, como antes, motivos pessoais, que ele chamava de virtudes, para amar as pessoas, mas o amor enchia completamente seu coração, e ele, ao amar as pessoas sem nenhum motivo, acabava encontrando motivos inquestionáveis para amar as pessoas (TOLSTÓI, 2017, posição 27538).


Referências:
TOLSTÓI, Liev. Guerra e Paz. Companhia das Letras: 2017, São Paulo. Ebook Kindle.



quarta-feira, 11 de março de 2020

Perguntas para se fazer antes de tomar decisões financeiras




Resolvi criar algumas perguntas para fazer antes de tomar decisões financeiras, sejam pequenas decisões cotidianas, sejam grandes decisões. Muito pertinente, pois temos que ter mais consciência sobre a forma que gastamos nosso dinheiro. Vamos a elas:

1. Isso tem impacto positivo na minha vida? Qual?
Refletir sobre o real impacto da decisão sobre a nossa vida e o nosso bem estar. Isso faz diferença realmente? Porque em alguns casos gastamos por gastar, sem pensar se aquilo contribui para nossa felicidade. 

2. Eu vou me arrepender de não ter feito/ido?
Aquele show imperdível, aquele convite irresistível, aquela tentação na forma de uma oportunidade aparentemente única de ter/fazer alguma coisa. Em primeiro lugar, será mesmo tão única? Em segundo, será que é mesmo assim tão importante? Às vezes é algo que até gostaríamos de ter/fazer, mas que não vale o seu custo, que não faz tanta diferença assim, que será logo esquecido sem um impacto. Deixar de fazer/ir talvez cause um pequeno desconforto no momento de dizer “não” mas quem sabe percebemos que nem é algo com o que verdadeiramente nos importamos.

3. Qual o custo financeiro e não financeiro da minha decisão?
O famoso “eu posso?” da tríade querer, precisar e poder. Eu posso arcar com o custo da minha decisão? De que modo essa decisão impacta as demais coisas que são importantes para mim? Às vezes temos a disponibilidade financeira de arcar com a decisão, mas temos que perceber que ela tem também um impacto sobre outras coisas que queremos tanto ou mais. Às vezes comprar/fazer algo significa não comprar/não fazer alguma outra coisa. Inclusive, pode significar se aposentar mais tarde ou ter menos no futuro. Estamos dispostos a arcar com isso e abrir mão de outras coisas? Ainda, qualquer decisão tem um custo de oportunidade, o custo do que deixamos de ter/fazer quando decidimos por um caminho. Qual é esse custo? Algumas decisões também envolvem tempo, seja mais tempo para cuidar de algo que compramos, seja menos tempo fazendo algo que gostamos, seja mais tempo em deslocamentos. Assim por diante.

Acho que pensar nessas questões me fez refletir mais sobre o que está no meu orçamento e para onde vai o meu dinheiro e questionar se algo que envolve dinheiro vale a pena. Me tornou mais crítica e me fez lembrar de quais são as minhas prioridades na vida, prioridades que eu já conhecia, mas que agora estão no papel central das minhas decisões.


Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/quebra-cabe%C3%A7a-dinheiro-neg%C3%B3cios-2500328/

segunda-feira, 9 de março de 2020

Minimalismo: Coisas que eu não compro mais / não tenho mais



Pensar sobre coisas que não compramos mais e/ou que não temos mais é um exercício bem interessante. Principalmente porque percebi que é difícil pensar em coisas que não fazem mais parte da minha vida, simplesmente porque elas foram esquecidas, elas não são mais importantes e não fazem mais falta nenhuma. É um exercício de “puxar pela memória”. Adoro listas, então vamos a mais uma.
1. Esmalte: faz anos que não pinto mais as unhas. É muito tempo e energia envolvido e creio que os vidrinhos de esmalte são artigos bem poluentes e um lixo gerado desnecessário.
2. Bolsas grandes: desde que me mudei para perto do trabalho e carrego menos coisas todos os dias, passei a usar apenas bolsas menores. Para viajar utilizo uma mochila. Minimizei o tamanho da bolsa e a quantidade de coisas que carrego.
3. Sapatos baratos que machucam: instrumentos de tortura na forma de sapatos (e principalmente sapatilhas) não fazem mais parte da minha cesta de compras. Prefiro ter menos pares e apenas aqueles que eu gosto e posso usar sem maltratar meus pés.
4. Lençóis baratos que formam bolinhas: acho engraçado a forma como a maioria das pessoas se preocupa bastante com as roupas que usa mas muito pouco com as roupa de cama em que passa boa parte da vida. Utilizo apenas percal 180 fios que é fresco, macio e durável. 
5. Roupa preta: por uma questão de energia (pode chamar de superstição se quiser), eu prefiro não comprar mais roupas pretas. Já faz uns 4 anos desde que comprei a última. Ainda tenho umas três peças de roupa preta que eu gosto e não vou me desfazer, pois estão em boas condições, mas prefiro não comprar outras. Ao mesmo tempo, aumentei bastante a quantidade de roupas brancas que eu tenho e passei a adorar o branco! Agora, geralmente as roupas que mais me chamam atenção são brancas. Para o inverno gosto muito do cinza e do verde escuro.
6. Amaciante: não sinto necessidade, simples assim.
7. Livros físicos: tenho kindle desde 2013.
8. Microondas: quando me mudei, fiz questão de não comprar microondas. Na cozinha apenas fogão, geladeira, liquidificador e iogurteira. Quase 6 meses depois, não sinto absolutamente falta nenhuma do microondas. Acredito que tudo pode ser feito no fogão, exatamente como na época pré microondas e pré outros itens elétricos de cozinha.
9. Netflix: percebi que não gostava de um modo geral das séries exclusivas da Netflix e que muitos filmes que eu queria ver não estavam disponíveis do catálogo. Também por medida de economia, cancelei a assinatura quando me mudei. Não sinto falta. Tenho sky play graças a assinatura sky do meu pai na qual posso assistir séries da HBO (maior qualidade na minha opinião) e assisto vídeos no youtube quando quero me distrair. Netflix também drena bastante do nosso tempo (sem falar do tempo escolhendo o que assistir). 
10. Jaqueta de couro ou jeans: na adolescência amava uma jaqueta jeans surrada que eu tinha e há poucos anos atrás tinha duas jaquetas de couro vegetal que duraram pouco na minha opinião, mas agora não sinto mais vontade de usar esse tipo de roupa. Prefiro casacos de tecido, lã ou nylon (este quando quero algo bem quente).
11. Guarda roupa: quando me mudei não levei meu guarda-roupa e não comprei um novo. Tenho uma arara de roupas para os cabides, uma caixa organizadora, duas prateleiras no rack da tv e uma gaveta no criado-mudo para as roupas, é suficiente. É libertador ver o quarto com espaço livre, sem um móvel enorme.
12. Detergente para louça: uso sabão em barra. O motivo foi porque o detergente vem sempre em uma garrafinha plástica: lixo desnecessário. Ok, sei que ainda consumo muitos e muitos produtos excessivamente embalados, mas pelo menos esse eu eliminei.
13. Ferro e tábua de passar roupa: a não ser que seja para um evento realmente muito especial, eu não passo minhas roupas então não preciso de ferro e tábua. Quando extremamente necessário passar uma peça para um evento desses, pego emprestado com a minha mãe. Acho interessante essa ideia de não comprar o que usamos muito pouco, mas pedir emprestado. Por que não?
14. Bolacha (biscoito?) recheada: faz anos que não como nenhuma. Morar sozinha é providencial quando se trata de cortar alguns hábitos alimentares ruins, pois se eu não compro, não terá disponível em casa então é só não comprar.
15. Tv aberta: faz anos que não assisto a programação da tv aberta. Primeiro porque não me interesso pelos conteúdos e segundo porque acho o ritmo muito lento, muito enrolado.
16. Tapete: apenas mais uma coisa para acumular pó. Tenho apenas um na porta do lado de fora.
17. Pote plástico: ok, ainda tenho alguns de sorvete e açaí, mas prefiro utilizar potes de vidro, acho mais higiênico e durável.
18. Robe: cheguei a ter dois de cetim. Em casa acabava ficando com preguiça de usar e/ou achava desnecessário. Para viajar acabava não levando para não ocupar espaço na mala.
19. Pijama: ainda tenho um pijama curto que uso quando viajo. Prefiro usar uma roupa velhinha para dormir ao invés de comprar uma roupa para um único fim específico. No inverno, calça de moletom é a melhor roupa para ficar em casa quentinha e confortável.
20. Baladas (geralmente caras) com músicas que não me interessam: gosto bastante de sair, mas parei de ir em lugares geralmente com filas intermináveis e com entradas caras para ouvir músicas de estilos que não me agradam. Agora escolho muito bem os lugares que frequento e o quanto estou disposta a pagar por eles.
21. Shorts jeans: ainda tenho e uso, mas não compro mais. Acho que existem outras roupas mais confortáveis e que me deixam mais bonita do que shorts jeans. Não me desfiz dos dois que ainda tenho porque estão em ótimo estado.
22. Taxas bancárias: nem pensar. Faz anos que uso apenas bancos digitais e corretoras. Nem um centavo gasto com tarifas absurdas e pacotes de serviços.
23. Açúcar refinado: faço bolo com frequência então ainda uso açúcar, mas só compro o demerara agora. 
24. Instagram: na verdade nunca tive. Sempre me perguntam sobre o meu instagram e eu digo que não tenho, mas apesar de muita gente me perguntar, não tenho vontade de ter. Acho muita exposição. Ainda tenho Facebook, mas faz mais de um ano acho que não posto nada. É mais tempo para dedicar à atividades que verdadeiramente acrescentem algo, tempo para ler, para ouvir podcasts, para escrever, etc.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Ghosting




Ghosting é um termo em inglês usado para se referir a términos de relações (não necessariamente sérias) sem explicação. É quando a pessoa some e “deixa o outro no vácuo”. Parece que é cada vez mais comum nesse mundo de relações efêmeras. Na internet há muitos textos com histórias e análises do que já é considerado uma moda. Moda feia essa.
Como diz uma banda chamada Vespas Mandarinas - que eu descobri há pouco tempo - em sua música “Distraídos Venceremos”, “a gente grita porque às vezes o silêncio é mais ensurdecedor”. Ah aquele silêncio que não tem explicação, que nos tortura, que não sabemos se será ou não eterno. Um silêncio sem resposta, que não nos deixa entender, que gera apenas dúvidas. 
Pessoalmente já vivi isso algumas vezes. Tenho algumas dessas histórias que costumo brincar que eu nunca vou entender. Contei uma delas aqui. Dizem que a gente não pode insistir, que não adianta mostrar interesse, correr atrás. Concordo em partes apenas. Nesse mundo de pessoas desinteressadas, acho que vale a pena mostrar interesse, se abrir, tentar. Um mero “está tudo bem?” e “gostaria de conversar” ou qualquer coisa que represente o nosso grito para acabar com o silêncio ensurdecedor que me referi no parágrafo acima é uma abertura para que a outra parte tenha a chance de explicar seu afastamento caso queira. Caso o silêncio continue sendo a única resposta, nesse caso não há nada que se possa fazer. Quando nos importamos, inevitavelmente vai doer, mas também vai passar, como tudo na vida.
É tão fácil terminar uma história de uma forma bonita. Explicar seu afastamento, ainda que não haja uma explicação muito clara. Quem sabe um feedback ajude a outra pessoa a aprender e a ser uma versão melhor de si mesma ou gere uma reflexão.
E é tão fácil terminar uma história de uma forma feia como essa, com o ghosting. Às vezes é uma história que poderia ser uma lembrança bonita, ainda que tenha acabado, mas que quando termina dessa forma, com desinteresse, sem explicação, sem um fechamento claro, deixa apenas esse sabor amargo.
Comecei esse texto querendo falar do assunto, mas sem saber muito bem onde queria chegar. Não tenho pretensão de entender os casos de ghosting que vivenciei e muito menos de oferecer uma solução para essa prática. Tudo bem o vácuo quando é alguém que não conhecemos direito, que mal conversamos, que também não está nem aí. O problema mora quando é alguém que pretendemos ter na nossa vida, ainda que como amigo, como conhecido, como alguém com quem se viveu uma história, mas que simplesmente nos afasta sem explicação. Talvez escrever seja apenas uma forma de dizer que esse tal ghosting faz parte da vida, por mais difícil que seja entender.
Ainda acredito em viver histórias, em ser feliz com pessoas sinceras, em aprender com quem cruza o meu caminho. Meu receio é que a já citada banda Vespas Mandarinas esteja certa ao cantar em "Amor em tempos de cólera" que “Um amor que chega como um alarde amanhã se despede furtivo”.




terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Nada foi por acaso





Gosto dos encontros que a vida me proporciona. São partes interessantes das surpresas da vida: as pessoas extraordinárias que ela coloca em nosso caminho. Você foi um desses encontros inesperados e despretensiosos. É aquela pessoa que fala de ideias e de lugares ao invés de apenas falar de coisas e de pessoas com perguntas vazias e respostas lacônicas. Agradeço por encontrar uma dessas raras pessoas que muito me instiga e desperta minha curiosidade. Com suas ideias e histórias você prendeu a minha atenção de um modo que poucos conseguem. 
Seja criando piadas internas como nosso negócio clandestino e mafioso com alto potencial de retorno, seja desenvolvendo as nossas teorias sobre encontros e cantadas, dominamos as palavras de uma forma leve, descontraída e inteligente. Porque digo com certeza que não sou apenas eu que sou boa na arte das palavras, encontrei alguém a altura. Só precisava mesmo de um empurrãozinho para perguntar que horas eu durmo.
Amei a forma como a sua história é o exemplo vivo de muitas coisas em que eu acredito. Ela me mostrou o poder das escolhas e do nosso protagonismo diante da vida e também a forma perfeita e singular que os caminhos que percorremos tomam para nos levar aonde devemos estar e nos proporcionar as vivências que precisamos. É a vida paulatinamente encaixando suas pecinhas entre erros e acertos, encontros e desencontros, ilusões e sonhos. 
Agora, “escute garoto” eu percebi que nosso encontro meio que é descrito pela nossa banda favorita da vida. Afinal, aquele dia “o céu estava pesado, vinha chegando temporal” e o “tempo escorria dos dedos da nossa mão”, mas “quando o tempo fecha e o céu quer desabar” está tudo bem, “não faz a menor diferença, quando a gente pensa no que ainda pode ser”.
Começou bem antes na verdade, contigo me falando de músicas, de lugares, de impressões ao invés de seguir as “variações de um mesmo tema” que todos seguem e “me pedir explicação, o filme favorito, o time do coração”. Não é mesmo muito melhor tentar descobrir “afinal o que é rock’n’roll?”. Além de percebermos que “nós dois temos os mesmos defeitos” (ou seriam qualidades?) nós até criamos o “crime perfeito” e “que não deixa suspeitos”.
Quando saímos “pra conhecer a cidade”, pois estávamos “longe demais das capitais”, “sentados na mesa de um bar” “nós “vibramos em outra frequência” e não quisemos “fazer como todo mundo faz”. Ainda bem que eu não esqueci “as chaves, mas que cabeça a minha”, pois “teus lábios eram labirintos, que atraem os meus instintos mais sacanas”.
Eu “nunca faço o que eu não tô afim de fazer”, pois eu “já vivi tanta coisa” e “tenho tantas a viver”, mas te encontrar era algo que eu queria e “eu posso estar completamente enganada, eu posso estar correndo pro lado errado” mas “quando eu te vi, tive certeza de que não seria a última vez”, afinal “você que tem ideias tão modernas” me fez refletir  sobre “o que faz as pessoas parecerem tão iguais?” enquanto eu fitava “olhos iguais aos meus”. “Tenho muito mais dúvidas do que certezas”, mas naquele dia “eu só tinha você”.
No outro dia “eu acordei mais leve”, “procurei a noite na memória” e “a sombra do sorriso que eu deixei” quando te dei tchau.
“Façamos um trato, você desliga o telefone se eu ficar muito abstrata”?
Então “um dia desses, num desses encontros casuais, talvez a gente se encontre, talvez a gente encontre explicação”. Agora, “se tu quiseres saber quem eu sou”, “vá em frente, meu amigo”, “me diz como é que eu faço, me diz como é que eu posso te encontrar mais uma vez”.