domingo, 20 de outubro de 2019

Você já meditou no bar?




Não, não estou louca e nem bêbada. Embora seja um pouco a primeira e esteja a segunda com frequência.
Não falo de meditar no sentido literal da palavra, de sentar na posição correta, fechar os olhos, tentar se livrar de todos os pensamentos e esvaziar a mente. Falo de estar introspectivo, apenas com os próprios pensamentos e em paz consigo mesmo. Não seria essa também uma meditação?
Então. Eu com frequência vou para o bar sozinha. Às vezes não totalmente sozinha, pois sempre encontro amigos com quem gosto de conversar e rir, mas quase sempre eu gosto de passar pelo menos uma pequena parte da noite sozinha, meditando como eu digo. Apenas me concentrar na música, em cada acorde da canção, às vezes no que estou bebendo e principalmente nos meus próprios pensamentos.
Esses dias fiz exatamente isso. E fiquei observando as pessoas também, a maioria delas concentrada muito mais na tela do celular do que no ambiente ao redor infelizmente. Agradeci pela minha determinação de não levar o celular para o bar e poder viver a vida real. Havia alguns casais, grupos de amigos, mas ninguém sozinho. Por que será que as pessoas não vão à bares sozinhas? Seria o medo da própria companhia?
Enfim, digressões à parte, vamos voltar a meditação.
Esses dias, como quase sempre, estava no bar concentrada na música, em um canto sozinha. Então começou a tocar uma música que eu não ouvia há muito, muito tempo. Lembrei da primeira vez que a escutei, alguns anos atrás. Lembrei de onde eu estava, era noite, era outra cidade, era provavelmente outro eu. Lembrei do que eu pensava e em quem eu pensava quando escutei aquela música pela primeira vez. Foi algo bom. Percebi o quanto a vida mudou, o quanto eu mudei. O que ocupava a minha mente naquela época é muito diferente do que ocupa a minha mente agora e acho que naquela época eu não imaginaria isso. Quando escutei essa música pela primeira vez eu estava feliz, por alguns motivos que não são os mesmos que me deixam feliz atualmente. A vida seguiu em frente, mudou, e ali estava eu, em outra situação, ouvindo a mesma música, pensando na vida e me sentindo grata por todas as vivências que me conduziram até ali, até aquele instante. Talvez por isso músicas sejam eternas.
Foi um daqueles momentos de paz. Parece simplório e talvez seja mesmo. No entanto, é de uma simplicidade encantadora esse nível de consciência, de entender alguns caminhos da vida e principalmente de viver o momento com o coração.
Será que um dia ouvirei essa música em um lugar e contexto completamente diferente e lembrarei daquela noite no meu bar preferido em que eu estava feliz com a vida? Será que outras tantas músicas que eu gosto servirão de trilha sonora perfeita para momentos perfeitos da vida? Ah, a graça de viver…


Fonte da imagem: https://pixabay.com/pt/photos/bebidas-alco%C3%B3licas-bar-cerveja-1845295/

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