domingo, 20 de outubro de 2019

Sobre paixões, foras e liberdade





Eu acho que sou uma solteira nata. Explico.
Eu gosto de conhecer pessoas incríveis, viver amores, ser arrebatada. Gosto daquela fase de estar conhecendo alguém novo, fazendo descobertas. Ah, adoro o flerte, adoro conquistar e me deixar conquistar. Viver uma história. Os prazeres de se apaixonar.
Então a história termina. Chega o momento da pessoa não fazer mais parte da nossa vida. Às vezes é um simples partir como outro qualquer, às vezes é um adeus doloroso. Às vezes a pessoa nem nos dá a chance de dizer adeus. E às vezes vem aquela dor que parece infindável. Ah, a fossa. Tem gente que odeia viver a fossa, tenta evitá-la com festas e encontros efêmeros. Eu penso diferente. Eu gosto de viver a fossa com toda sua intensidade. Sentir a dor e derramar as lágrimas que parecem infindáveis. Não, não julgo que seja um pouco de masoquismo. Eu apenas acho que esse processo faz parte da vida. Chorar em posição fetal, beber para esquecer, dormir sentindo toda a dor de não ser correspondido ou de sentir saudade de alguém que não se faz mais presente na vida (ou nunca se fez), chorar andando na rua, sentir o coração apertado, implorar a Deus ou ao universo que apenas pare de doer tanto - mas com a certeza de que somente irá parar de doer quando tiver que parar de doer, no momento certo. Então aos pouquinhos ir me recuperando, os primeiros sorrisos depois das lágrimas, sair para ver o mundo novamente e estar feliz sozinha de novo. Já escrevi sobre levar um fora aqui. Está tudo bem, basta aceitar que nada é definitivo e que novos recomeços virão. As dores de se apaixonar.
Enfim, eu gosto de viver histórias com as pessoas que me encantam, mas também amo ser livre. Livre para viver de forma independente, para viajar sozinha, para crescer sozinha, para conhecer outras pessoas, para fazer coisas sozinha, para ter o meu tempo e espaço. Eu gosto de dormir sozinha, gosto de morar sozinha, de sair sozinha. Por isso me sinto bem solteira, me sinto muito mais eu, mais completa e até mesmo mais aberta para a vida. 
Não me imagino casando. Não me imagino vivendo um “felizes para sempre” com alguém, encontrando a “pessoa certa” (também já escrevi sobre isso aqui). Admiro muitíssimo casais de longa data, acho bonito, me emociono pacas em casamentos, são lindos e me fazem chorar de emoção. Apenas acho que não é para mim. Não digo isso como lamento, como quem diz “ah, pobre de mim, nunca terei alguém para estar junto até a velhice”. Não, pelo contrário, não é um pesar, não é algo triste. É apenas aceitar a vida como, principalmente, um caminho de evolução individual.
Não estou dizendo também que sou rasa, que sou daquelas pessoas que passa o rodo como se diz, que não me importo, que não tenho sentimentos, sei lá. Apenas penso as histórias como vivências que não são eternas. Talvez isso me faça dar mais valor. Com certeza me instiga a aprender com a pessoa e a respeitá-la mais. Provavelmente me faz também mais intensa. Ah, tem uma frase que li no livro espírita “Encontrando a paz” que diz mais ou menos o seguinte: “Juntos enquanto formos felizes, juntos por opção, livres por natureza”. Preciso dizer mais?

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