quarta-feira, 14 de agosto de 2019

O fluxo inexorável da vida





Sabe aquele apertinho no peito que dá quando pensamos em um momento do passado que nos dá saudade, mas que percebemos que nunca irá voltar? Que é parte do passado que ficou no passado, que não faz mais parte da nossa vida no presente e que não temos mais como reviver? Pois é. Ao mesmo tempo que é uma saudade que dói porque sabemos que é algo que não irá mais voltar, é uma sensação boa quando vemos que foi algo que nos fez bem, algo que fez parte da nossa vida por um tempo e foi importante. Só o que precisamos fazer é aceitar o fato de que esse tempo não vai mais voltar, não faz mais parte da vida. Só. Como se fosse fácil.
Não, não é fácil. Haja maturidade para se reconciliar com o fluxo inexorável da vida. Haja sabedoria para lidar com as lembranças, sentir saudade, mas deixar ir.
Agora tenho me pego pensando “poxa, vou sentir muita saudade disso um dia”. Os momentos que me fazem pensar isso nem são - ainda - parte do passado. São momentos que ainda fazem parte da minha vida, é o presente. No entanto, eu sei que a vida seguindo seu fluxo inexorável tratará de, no futuro, fazer esse presente ser passado. Ufa. Quantas idas e vindas no fluxo do tempo. 
Em seguida vem outro pensamento: “poxa, ainda bem que sei que vou sentir saudade disso um dia”. Porque aí é aquele momento de lucidez maravilhoso em que a gente percebe que aquela ocasião tem um valor inestimável e que precisamos aproveitar ao máximo e da melhor maneira, para lembrar o máximo possível quando essa experiência fizer parte do passado e deixar saudade. 
Acho que isso é viver com intenção.
Tudo a ver com se concentrar em uma coisa de cada vez. Especialmente quando estamos com pessoas e em lugares que gostamos. Aproveitar essas pessoas. Porque um dia essas pessoas talvez não façam mais parte da nossa vida, não necessariamente porque tenham morrido, mas apenas porque a vida segue seu curso e talvez no futuro estejamos vivendo experiências diferentes e separadas. O mesmo vale para os lugares. Por mais permanente que pareça a nossa vida, as coisas mudam e lugares que parecem eternos podem se tornar igualmente parte do passado. E lugares também deixam saudades.
Creio que essa consciência torna mais fácil o momento de se reconciliar com o fato de que aquela fase não vai mais voltar, quando chegar a hora. E deixar ir, com a certeza de que o futuro reserva novas experiências, novas pessoas, novos lugares, os mais perfeitos e necessários para nossa caminhada.


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