sábado, 17 de julho de 2021

Divagações aleatórias durante a pandemia

 

1. De um modo geral eu não estou feliz. Muitas vezes parece que eu simplesmente visto uma máscara e represento uma personagem quando tenho que interagir com outras pessoas. Preferiria não ter que vestir essa máscara.


2. Absolutamente zero respeito pelas pessoas que não respeitam a pandemia. Que andam por aí sem máscara, que fazem aglomerações, que frequentam lugares desnecessários, que estão vivendo a vida como se não existisse pandemia e o pior de tudo, ainda acreditam ou fingem que respeitam a pandemia e as medidas adequadas de distanciamento. Eu estou me sacrificando bastante para me manter em casa, então, estou também absolutamente com nojo das pessoas que não fazem o mesmo.


3. Eu já gostei de manter contato a distância através do whatsapp e semelhantes. Ainda sou do tempo do MSN e adorava o sonzinho de uma notificação... Atualmente, com essa vida insólita de pandemia eu queria poder ficar uma semana desconectada do whatsapp. Não posso porque utilizo para o trabalho. Zero paciência para responder mensagens, para pedir notícias, para manter qualquer tipo de contato por whatsapp. Me reduzi ao mínimo necessário, não consigo mais, não tenho criatividade e nem vontade para manter conversas assim, não quero ficar me cobrando para responder em um prazo aceitável. Simplesmente não é a vida real. Não é como encontrar uma pessoa pessoalmente (coisa que evito ao máximo exatamente por estar respeitando a pandemia), não chega nem perto de uma interação real. Então, tenho refletido o quanto não gosto dessa vida virtual, o quanto acho desgastante e chato e pensar que um dia já achei cheia de possibilidades. A lição que levo para depois da pandemia? Se não puder marcar um encontro real, longe de qualquer tela, ainda que esporadicamente, não quero manter na minha vida.


4. Puxando um gancho da observação anterior: meio sem paciência para pessoas de um modo geral. Está certo que não tenho tido quase nenhuma interação real há mais de um ano, mas acho que me acostumei dessa maneira. Ok, vai ser legal após a pandemia não precisar ter medo de encontrar outras pessoas, poder viajar e frequentar lugares cheios, mas acho que minha tolerância para lidar com outros seres humanos vai continuar sendo menor. É tão mais fácil. Talvez porque a pandemia tenha revelado o quanto muitas pessoas são egoístas (vide item 2 dessa lista).  


5. Às vezes parece que a única parte boa do dia é me sentar para tomar uma xícara de capuccino depois do almoço. Não bebo café preto então o capuccino com leite é minha escolha. É como se fosse uma pequena indulgência, e é assim que eu me sinto.


6. Às vezes final de semana são tipo 17 horas e eu já estou fazendo as contas de quantas horas faltam para finalmente voltar para cama.


7. Às vezes é muito difícil sentir vontade de sair da cama para começo de conversa. Quando eu saio da cama eu tenho que vestir a máscara e seguir em frente e fazer as coisas que eu não tenho vontade de fazer. 


8. É tão horrível ter que vestir a máscara ao sentar na frente do computador para trabalhar em algo que eu detesto. É como estar me destruindo um pouco por dentro. E o tempo não está atenuando isso, ao contrário, só torna o fardo mais difícil de carregar.


9. Pior do que vestir a máscara é simplesmente estar perdida na vida, sem ter a menor ideia de qual caminho seguir. É como estar empurrando as coisas com a barriga, deixando o barco correr sozinho, esperando que algo aconteça para mudar o curso dos acontecimentos. Só que não vai acontecer nada se eu não tomar nenhuma atitude e eu não sei que atitude tomar.


10. Acho que é normal querer mudar de profissão, de emprego, fazer outras coisas, seguir outros caminhos. A vida é feita dessas mudanças também. Acho incrível para falar a verdade. Adoro ler histórias de pessoas que se reinventaram. Só que é tão horrível quando não se tem a mínima ideia do que fazer e nem como mudar uma situação em que não se quer estar. Durante a pandemia não é como se eu simplesmente pudesse “largar tudo” e ir embora porque simplesmente não há lugar para ir quando se vive em uma pandemia. E mesmo que não existisse pandemia, não sei se andar sem rumo pelo mundo me faria descobrir um caminho - qualquer caminho - para seguir. Seria divertido, emocionante e enriquecedor, mas não sei se me faria ter algum propósito.


11. Será que é errado pensar apenas em ler e viajar? Quando eu tenho ânimo suficiente, as únicas coisas que eu quero pensar e fazer na vida são viajar e ler bons livros. Aprender coisas novas de vez em quando também (tipo idiomas). Não existe mais nada. Claro, eu gostaria de ser uma pessoa melhor também e acho que livros e viagens são um bom caminho e ajudam muito a tornar as pessoas melhores. É só isso. Não existe mais nada que eu queira fazer da vida. 


12. Como eu posso amar tanto, mas tanto aprender, estudar e descobrir coisas novas e odiar tanto, mas tanto ensinar? A maior contradição da minha vida talvez.


13. É bem solitário estar triste. Descobri que pelo jeito não tenho amigos. 


14. Meu sono está completamente desregulado na pandemia. Tem épocas em que durmo muito cedo, épocas em que durmo tarde, épocas em que acordo cedo, épocas em que acordo tarde, épocas em que perco o sono e passo parte da noite revirando na cama sendo atormentada pelos meus pensamentos pessimistas. Por falar em pensamentos, eu convivia muitíssimo melhor com os meus antes da pandemia, agora geralmente eu acabo me atormentando imaginando situações irreais que só me machucam.